A pandemia causada pelo novo coronavírus, que atingiu em cheio o Brasil e já causou a morte de mais de 200 mil pessoas, aumentou em 19,2% o número de óbitos por doenças respiratórias na cidade de Ribeirão Preto, que passaram de 2.457 para 2.929, na comparação entre 2019 e o ano passado. Entre as doenças deste tipo, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e as causas indeterminadas explodiram, registrando crescimento de 442% e 350%, respectivamente.
Segundo os dados do Portal da Transparência (https://transparencia.registrocivil.org. br/inicio), plataforma administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), os óbitos registrados pelos Cartórios de Ribeirão Preto no ano passado totalizaram 5.653, 22,3% a mais que no ano anterior, superando a média histórica de variação anual de mortes no município que era, até 2019, de 1,6% ao ano.
O número de óbitos registrados em 2020 pode aumentar ainda mais, assim como a variação da média anual, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência. Além disso, alguns Estados brasileiros expandiram o prazo legal para registro de óbito em razão da situação de emergência causada pela covid-19.
Entre os óbitos causados por doenças cardíacas, muitas vezes relacionadas à covid-19, a comparação entre 2019 e 2020 aponta um aumento de 56,9%, passando de 711 para 1.116. Entre as doenças do coração, o registro que apontou maior crescimento foi o de mortes por doenças cardiovasculares Inespecíficas, que cresceu 254% entre os anos, sendo que o aumento nos óbitos em domicílio é uma das explicações para o diagnóstico inespecífico das mortes causadas por doenças do coração.
No estado de São Paulo, as doenças respiratórias cresceram 27,5% no mesmo período comparativo. A Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) registrou aumento de 723%, e as causas indeterminadas, 26,7%. Em relação às doenças cardíacas, a comparação entre os dois anos mostra um crescimento de 6,4%, com a maior alta por causas cardiovasculares inespecíficas, 50%.
Mortes em casa disparam
O receio das pessoas frequentarem hospitais ou mesmo realizarem tratamentos de rotina durante a pandemia, assim como a falta de leitos em momentos críticos da covid-19 no Brasil, fez com que o número de mortes em domicílio disparasse no município de Ribeirão Preto quando se comparam os anos de 2019 e de 2020, registrando um aumento de 31,5%.
As mortes por Srag fora de hospitais cresceram 10%. Os registros de óbitos, feitos com base nos atestados assinados pelos médicos, apontam que 41 moradores do município morreram de covid-19 em suas casas, no ano passado. Os óbitos por doenças cardíacas fora de hospitais também cresceram em 2020, com registro de aumento de 165% na comparação com o ano anterior.
Neste tipo de doença, o maior aumento se deu nas chamadas causas cardiovasculares inespecíficas (2.838%), muito em razão de o falecimento ocorrer sem assistência médica, dificultando a qualificação da doença. Também cresceram os óbitos em casa por acidente vascular cerebral (AVC), aumento de 52,5%.
Já em nível estadual, os óbitos em domicílio cresceram 15,3% no mesmo período comparativo, aumentando em 1.600% as mortes por Srag, 11,6 por Septicemia e 47,9 por causas indeterminadas. De acordo com os atestados médicos, 1.492 paulistas morreram de covid-19 em suas casas. Os óbitos por doenças cardíacas fora de hospitais tiveram alta de 22,4% em 2020. As causas cardiovasculares inespecíficas (118%) e o AVC (18,6%) aparecem em seguida.