Novo balanço divulgado nesta sexta-feira, 27 de agosto, em Cabul, no Afeganistão, indica que pelo menos 183 pessoas morreram – entre elas 13 soldados norte-americanos e 170 civis afegãos – e mais de 200 ficaram feridas no atentado terrorista que ocorreu na quinta-feira (26) no aeroporto da capital afegã.
Entre os 170 mortos afegãos estariam 32 homens, dois meninos e quatro mulheres. A identidade das outras vítimas ainda não foi confirmada, de acordo com um funcionário do Ministério da Saúde, que falou sob condição de anonimato com a emissora ABC News.
Apenas um homem-bomba cometeu o atentado desta quinta-feira (26) nos arredores do aeroporto de Cabul, informa o Pentágono, corrigindo a declaração anterior sobre duas explosões separadas. “Não acreditamos que tenha havido uma segunda explosão no Hotel Baron, ou perto dele. Foi apenas um homem-bomba”, diz o diretor adjunto do Estado-Maior Conjunto, general Hank Taylor.
O general disse, ainda, que o ataque foi feito por um homem-bomba suicida nas proximidades do portão da Abadia, onde afegãos desesperados se aglomeravam. Após o ataque, tiros foram ouvidos. Ainda existem 5.400 pessoas dentro do aeroporto esperando para serem retiradas do Afeganistão após o Taleban tomar o poder no país.
Ainda segundo o Pentágono, as operações de retirada continuam ocorrendo sob “ameaças específicas e críveis” de grupos terroristas. O ataque de quinta-feira foi o segundo mais letal para tropas americanas desde o início da ocupação e foi executado pela filial afegã do Estado Islâmico, conhecida como ISIS-K e rival do Taleban. O Estado Islâmico Khorasan foi criado há seis anos por dissidentes do Taleban paquistanês.
Washington chegou a informar que um homem-bomba explodiu dispositivo num dos acessos do aeroporto de Cabul, denominado Abbey Gate. Pouco depois, um segundo ativou um engenho explosivo perto do Hotel Baron, nas imediações do aeródromo.
Na sequência, combatentes do Estado Islâmico, que no Afeganistão é considerado inimigo dos talebans, abriram fogo contra civis e militares na área. Posteriormente, em comunicado divulgado pela agência de propaganda Amaq, o Estado Islâmico da Província de Khorasan afirmou que um dos seus combatentes passou “todas as fortificações de segurança”.
Depois colocou-se a menos de “cinco metros de militares norte-americanos”, tendo então detonado o cinto de explosivos. O comunicado só mencionou um homem-bomba e apenas um explosivo. Os talebans conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996- 2001), que acolhia no território o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. A tomada da capital pôs fim à presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e aliados na Otan.
Forças dos EUA que ajudam a retirar afegãos desesperados para fugir do domínio do Taleban estavam em alerta para mais ataques. O general Frank McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, disse que comandantes de seu país estão atentos para mais ataques do Estado Islâmico, o que inclui a possibilidade de foguetes ou carros-bomba visando ao aeroporto.
As forças norte-americanas estão correndo para finalizar sua retirada do Afeganistão até o prazo de 31 de agosto, estabelecido pelo presidente Joe Biden. Ele diz que os EUA atingiram há tempos seu objetivo original ao invadir o país em 2001: extirpar militantes da Al Qaeda e evitar uma repetição dos ataques de 11 de setembro daquele ano nos EUA.
Biden disse ainda que determinou ao Pentágono que planeje como atacar o Estado Islâmico Khorasan, filiada do Estado Islâmico que assumiu a responsabilidade pelos atentados de anteontem. “Não perdoaremos. Não esqueceremos. Caçaremos vocês e os faremos pagar”, disse Biden durante pronunciamento na Casa Branca.