Tribuna Ribeirão
Geral

Morte de paciente curado do câncer não afeta o desenvolvimento do tratamento

HUGO CALDATO / HEMOCENTRO

O funcionário público apo­sentado, Vamberto Castro, de 64 anos, que se curou do cân­cer, morreu no último dia 11 de dezembro após sofrer um acidente doméstico. De acordo com a família, um tombo na sala da casa onde morava teria causado a fatalidade. Por conta do ocorrido, ele teve trauma­tismo craniano e não resistiu aos ferimentos.

Segundo informações da Polícia Civil de Belo Horizon­te (MG), local onde Vamberto residia, seu corpo foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) e o laudo do exame de necropsia é aguardado para saber mais informações sobre a morte. A expectativa é de que este laudo fique pronto em até 30 dias.

A missa de sétimo dia já foi realizada, assim como o enterro, no Cemitério Parque Renascer, em Contagem, na grande BH. Por meio da rede social, a esposa Rosemary Cas­tro publicou: “Nossa ligação é eterna. Até breve”.

Apesar de sua morte, os pesquisadores do Centro de Terapia Celular dvo Hemocen­tro de Ribeirão Preto, sob a li­derança do prof. Dimas Tadeu Covas, seguem firmes na busca de ampliar esta terapia a novos pacientes e descobrir maneiras de estender este tratamento à novos tipos de câncer.

“Foi uma fatalidade triste e todos ficamos consternados. Especialmente depois do su­cesso da terapia que inevita­velmente trouxe ao Vamberto a possibilidade de uma vida com qualidade. Estamos tra­balhando para que muitos ou­tros pacientes também sejam beneficiados por essa terapia inovadora”, comentou Lucas Eduardo Botelho de Souza, coordenador do laboratório de Transferência Gênica do He­mocentro de Ribeirão Preto.

Cura
Vamberto ficou conhecido após passar por um tratamento por células CAR-T, neste ano, no Hospital das Clínicas de Ri­beirão Preto. O paciente sofria de uma forma avançada de lin­foma de células B e não havia respondido aos tratamentos de quimioterapia e radioterapia indicados para o caso.

No entanto, após passar pelo procedimento desenvol­vido pelos pesquisadores do CTC do Hemocentro, ligado ao HC de Ribeirão, apresentou, em menos de 20 dias, remissão total do câncer. Após este tra­tamento, Vamberto não mais recebia medicações e só passa­va por acompanhamento.

No primeiro ano, ele deve­ria visitar Ribeirão Preto a cada 15 dias, mas, a partir do segun­do, poderia retornar a cada três ou quatro meses ao município.

Após o procedimento mé­dico, ele se tornou o primeiro paciente da América Latina que conseguiu resultado com este tipo de tratamento. An­tes de chegar a Ribeirão Preto, Vamberto tomava altas doses de morfina diariamente e não conseguia mais andar. O apo­sentado lutava contra o câncer desde 2017.
Tratamento
Apesar deste tratamento ter tido sucesso com Vamberto, ele ainda não abrange diversos tipos de câncer, além de ser ne­cessária situações específicas para a aplicação.

Para receber esse tipo de tratamento, o portador da doença precisa ser um pa­ciente compassivo — que não respondeu a nenhuma das terapias convencionais e não teve mais alternativas —, além de necessitar de cuida­dos paliativos.

“A terapia só pode ser ofe­recida em casos muito espe­ciais de pacientes com linfo­ma, que não responderam aos tratamentos convencionais e que não possuem algum im­peditivo capaz de influenciar de maneira crítica a eficácia e a segurança da terapia”, disse Lu­cas Eduardo Botelho de Souza.

Vamberto possuía linfoma não Hodgkin (LNH) avança­do, uma doença grave que, de acordo com dados do Institu­to Nacional do Câncer (Inca), por meio de pesquisas reali­zadas em 2018, estima-se que, anualmente, atinja cerca de 10 mil novos casos no Brasil. Ain­da de acordo com o Inca, por razões ainda desconhecidas, o número de casos duplicou nos últimos 25 anos, principal­mente entre pessoas com mais de 60 anos.

Terapia por células CAR-T
O método utilizado é cha­mado de terapia por células CAR-T. Essas células são pro­duzidas em laboratório, deri­vadas das células mais impor­tantes do sistema de defesa humano, denominadas T. Em seu estado natural, as células T — que protegem o corpo contra infecções e tumores — podem perder a capacidade de detectar as células do câncer. Assim, o processo de produção das células CAR-T nada mais é do que a modificação das célu­las T para que elas possam re­adquirir a capacidade de iden­tificação das células específicas do câncer e destruí-las.

O processo de cura é reali­zado da seguinte maneira: pri­meiro retira-se a célula do pró­prio paciente. Ela é levada até um laboratório, onde é mani­pulada para conseguir com­bater um tumor específico, nesse caso, o linfoma. Poste­riormente, é feito o aumento da quantidade dessas células modificadas — já que é ne­cessária uma quantia adequa­da ao peso da pessoa que as receberá — e, na sequência, são novamente inseridas no paciente. Ao entrarem na cor­rente sanguínea, essas células encontram o tumor que foram programadas para combater e causam sua destruição.

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