Os assassinatos da vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes completaram mil dias nesta terça-feira, 8 de dezembro, sem que a polícia tenha concluído suas investigações. Os dois foram mortos depois de terem seu carro atingido por disparos na noite de 14 de março de 2018, em uma rua do centro do Rio de Janeiro.
Marielle Franco foi uma das vereadoras mais votadas do Rio de Janeiro nas eleições de 2016, com mais de 45 mil votos. A Polícia Civil prendeu dois suspeitos de terem atirado contra as vítimas. Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram presos em março de 2019.
Até agora, no entanto, as investigações não conseguiram identificar se houve um mandante, quem seria essa pessoa e quais seriam suas motivações. Por meio de nota, a Polícia Civil informou que as investigações da Delegacia de Homicídios da Capital continuam.
A nota diz ainda que a elucidação dos assassinatos de Marielle Franco e de Anderson Gomes “é uma das prioridades da atual gestão”. A vereadora foi morta a tiros quando saía de um debate na Casa das Pretas, no centro do Rio de Janeiro. O carro em que ela e o motorista Anderson Gomes estavam foi emboscado no bairro do Estácio.
Nascida e criada na Favela da Maré, ativista de direitos humanos, engajada na luta antirracista, nas pautas feministas e nas causas LBBTQIA+, Marielle era muito atuante na Câmara dos Vereadores em seu primeiro mandato. O crime rapidamente ganhou as manchetes em todo o mundo.
Não apenas por ser um ataque à democracia e às bandeiras defendidas pela parlamentar, mas também por marcar um novo patamar de atuação do crime organizado no país. Mobilizada pela repercussão, a opinião pública passou a cobrar das autoridades a resposta para duas perguntas essenciais: quem matou Marielle e Anderson? Quem mandou matar?
A investigação conseguiu responder à primeira pergunta. O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiróz estão presos, acusados, respectivamente, de disparar a arma e de dirigir o carro que emboscou a vereadora e seu motorista. No entanto, não há resposta para a segunda pergunta.
Os mandantes não foram ainda descobertos, tampouco o motivo do crime. Atualmente, a principal linha de investigação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro é que o crime teria sido contratado por políticos ligados à milícia – que já domina um terço da cidade – em uma vingança contra o atual deputado federal Marcelo Freixo, um dos principais nomes do Psol.
Marielle Franco trabalhou durante uma década no gabinete de Marcelo Freixo e era sua amiga pessoal havia doze anos, Freixo coordenou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que expôs a facção criminosa e resultou em várias prisões.