A morte de Marcelo Plastino, investigado pela Operação Sevandija e acusado de pagar propina a vereadores e a funcionários do alto escalão da prefeitura de Ribeirão Preto, completa um ano neste sábado, 25 de novembro. O empresário cometeu o suicídio no banheiro de seu luxuoso apartamento na Zona Sul e levou para o túmulo muitos segredos, apesar de ter deixado planilhas, arquivos e até cédulas de real com anotações comprometedoras.
Plastino era o pivô do escândalo que envolve denúncias de contratações terceirizadas de apadrinhados políticos de vereadores e secretários municipais pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp), via Atmosphera Construções e Empreendimentos, a empresa do falecido que na administração Dárcy Vera (PSD) venceu licitações que somam quase R$ 50 milhões.
Era acusado de pagar propina aos parlamentares no famoso esquema do “cafezinho” – todos os demais réus negam os atos ilícitos – são 21 nesta ação penal que tramita na 4ª Vara Criminal, sob a tutela do juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, com base em denúncias feitas pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Federal (PF).
Segundo informações das polícias Militar e Civil, Plastino atirou contra a própria cabeça. Ele se matou dentro do apartamento onde morava, no Jardim Botânico. Ainda de acordo com a polícia, diante da ameaça de suicídio, um médico, um advogado e uma equipe do Corpo de Bombeiros foram chamados pela família do empresário para tentar negociar sua desistência, mas não foi possível evitar que ele efetuasse o disparo.
A arma utilizada, segundo as informações apuradas pelo delegado Haroldo Chaud, não era registrada pelo empresário. “A porta foi arrombada pelo Corpo de Bombeiros e realmente ela estava trancada por dentro e a vítima apresentava um disparo fatal na região temporal”, afirmou. Plastino estava em liberdade desde o início de outubro e 2016, quando conseguiu um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ele havia sido preso em setembro durante a primeira fase da Operação Sevandija, que apura fraudes em contratos de licitações de mais de R$ 200 milhões da prefeitura. Marcelo Plastino foi encontrado morto por volta das 21 horas de uma sexta-feira dentro da banheira de sua suíte. De acordo com o delegado, a namorada dele, Alexandra Ferreira Martins, principal testemunha, afirmou que o empresário havia anunciado reiteradas vezes que tinha a intenção de cometer suicídio. Segundo a versão dela, Plastino tomava medicamentos para depressão e vinha sendo acompanhado por um psiquiatra.