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Morre o jornalista Hélio Fernandes

Morreu na madrugada desta quarta-feira, 10 de mar­ço, aos 100 anos, o jornalis­ta Hélio Fernandes. Nome histórico da imprensa brasi­leira, ele estava em casa, no Rio de Janeiro, ao lado das duas filhas. Segundo uma de­las, a fotógrafa Ana Carolina Fernandes, era assim que ele queria morrer. Não houve uma causa exata para o óbito.

Preso diversas vezes duran­te a ditadura militar, Hélio Fer­nandes comandou a Tribuna da Imprensa, jornal fundado pelo amigo Carlos Lacerda, ex­-governador do então Estado da Guanabara. As detenções se deram após críticas ao regime. Ele foi levado a presídios em Fernando de Noronha e no in­terior de São Paulo.

Assim como Lacerda, Hélio Fernandes apoiou o golpe de 1964, mas logo depois passou a criticar os militares e o presi­dente Humberto Castelo Bran­co. Dois anos depois, tentou se candidatar a deputado federal pelo MDB, mas teve os direitos políticos cassados por dez anos e foi preso após um debate na PUC-Rio. Também ficou proi­bido de assinar artigos – para driblar a censura, adotou o pseudônimo de João da Silva.

“Com a morte de Castelo Branco, a humanidade perdeu pouca coisa, ou melhor, não perdeu coisa alguma. Com o ex-presidente, desapareceu um homem frio, impiedoso, vin­gativo, implacável, desumano, calculista, ressentido, cruel, frustrado, sem grandeza, sem nobreza, seco por dentro e por fora, com um coração que era um verdadeiro deserto do Saa­ra”, escreveu em 1967, segundo registro do CPDOC da FGV.

Irmão de Millôr Fernandes, Hélio trabalhou, antes de as­sumir a Tribuna, na revista O Cruzeiro e em outros veículos da imprensa, como o Diário Carioca. Comandando a seção de Esportes, contratou cronis­tas de fora da área, como Fer­nando Sabino e Paulo Mendes Campos, além do próprio ir­mão, para dar uma nova abor­dagem ao futebol no contexto da Copa do Mundo de 1950, sediada no Brasil.

Cinco anos depois, Hélio Fernandes assumiu a assesso­ria de imprensa da campanha de Juscelino Kubitschek à Pre­sidência da República. Mesmo aos 100 anos, o jornalista se mantinha lúcido e tinha uma conta no Facebook. Recente­mente, foi protagonista do do­cumentário “Confinado”, que conta sua trajetória e a experi­ência nas prisões.

Hélio Fernandes será cre­mado nesta quinta-feira (11), às 13 horas, no Cemitério do Caju, na região central do Rio de Janeiro.

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