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Cultura

Morre o estilista Pierre Cardin, aos 98 anos

CHARLES PLATIAU/AG.BR.

O estilista Pierre Cardin, um profissional visionário e pioneiro do prêt-à-porter, morreu nesta terça-feira (29), aos 98 anos, segundo informou sua família. Filho de imigrantes italianos que se transformou em um empre­sário mundialmente conhecido, Cardin, que é naturalizado fran­cês, morreu no hospital america­no de Neuilly, a oeste de Paris.

O estilista italiano nasceu em 1922, em Sant’Andrea di Barba­rana, uma fração do município de San Biagio di Callalta, na província de Treviso, no Veneto, mas cresceu na França, país onde deu os pri­meiros passos na moda e cresceu para se tornar um dos costureiro mais importante da segunda me­tade do século 20, quando foi um gigante da moda e do design.

Cardin veio de uma família de ricos fazendeiros, que acabou na pobreza após a Primeira Guerra Mundial. Talvez, entre todos os costureiros do século passado, nascidos na Itália e criados na França, Cardin foi quem melhor re­presentou aquela mistura de esti­los entre a Itália e a França, motivo determinante de seu sucesso.

A pobreza de sua família moti­vou Cardin a buscar a redenção. De fato, ela levou seus pais a se mudarem para a França em 1924, quando ele tinha apenas dois anos de idade. E, com ape­nas 14 anos, em 1936, o jovem Pierre, cujo nome italiano, Pietro, havia sido afrancesado, come­çou seu aprendizado como al­faiate em Saint-E’tienne.

Depois de uma breve experiência na Manby, alfaiate em Vichy, em 1945 ele chega a Paris trabalhan­do primeiro para Jeanne Paquin e depois para Elsa Schiaparelli. Pri­meiro alfaiate da maison Christian Dior durante sua inauguração em 1947 (depois de ser rejeitado por Cristobal Balenciaga), ele parti­cipou do sucesso do mestre que inventou o New Look.

Em 1950, ele fundou sua pró­pria casa de moda, aventuran­do-se pela alta costura em 1953. Cardin ficou famoso por seu es­tilo futurista, inspirado nas pri­meiras façanhas do homem no espaço. Ela preferia cortes geo­métricos, muitas vezes ignoran­do formas femininas. Ele adorou o estilo unissex e passou a expe­rimentar novas linhas.

Em 1954, Cardin introduziu o vestido bolha. Também foi um precursor na escolha de novos mercados e na assinatura de no­vas licenças. Em 1959, foi o pri­meiro estilista a abrir uma loja de alta costura no Japão. No mesmo ano, foi expulso do French Cham­bre Syndacale, por ter lançado pela primeira vez em Paris uma coleção sob medida para os grandes arma­zéns Printemps. Mas ele logo foi reintegrado. No entanto, Cardin é membro da Chambre Syndicale de la Haute Couture et du Pret-a’-Porter e da Maison du Haute Couture desde 1953 e renunciou à Chambre Syndacale em 1966.

Suas coleções desde 1971 foram exibidas em sua sede, o Espace Cardin, em Paris, ante­riormente no Teatro Ambassa­dor, próximo à Embaixada dos Estados Unidos, espaço que o estilista também aproveitou para divulgar novos talentos artísti­cos, como teatros ou músicos.

Como muitos outros designers, Cardin decidiu em 1994 mostrar sua coleção apenas para um pe­queno grupo de clientes e jornalis­tas selecionados. Em 1971, Cardin juntou-se na criação de roupas a seu colega André Oliver, que em 1987 assumiu a responsabilidade pelas coleções de alta costura, até sua morte em 1993.

A trajetória de Cardin inspirou um documentário, apresentado no Festival de Cinema de Veneza, em 2019: House of Cardin por P. Da­vid Ebersole e Todd Hughes. Uma viagem que explora em todos os aspectos o que muitos definem o Enigma Cardin, dada a confiden­cialidade do homem, e a capaci­dade do artista e empresário de criar um império, com um valor que ultrapassou um bilhão de dó­lares, inovando em grande estilo, associando seu nome a centenas de produtos e com uma capacida­de incomparável de exportar alta costura para o exterior.

“Tudo começou com 200 mil casacos vermelhos vendidos nos Estados Unidos”, revelou no fil­me biográfico, mostrando as pe­ças com que conseguiu se firmar nos mercados soviético e chinês desde 1970. Cardin “é um impe­rador total”, diz no filme Jean­-Paul Gautier, entrevistado entre outros, como Sharon Stone, Na­omi Campbell, Philippe Starck. O longa também traz detalhes da vida privada, como suas paixões por André Oliver (que morreu em 1993) e a atriz Jeanne Moreau, que morreu em 2017.

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