Tribuna Ribeirão
Cultura

Morre Monarco, símbolo da Portela, aos 88 anos

Por Roberta Jansen

Presidente de honra da Portela e um dos mais antigos integrantes da Velha Guarda da tradicional escola de samba, Monarco, de 88 anos, morreu na tarde deste sábado, 11, no Rio de Janeiro. O cantor e compositor estava internado desde novembro no Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na zona oeste, quando foi submetido a uma cirurgia no intestino.

De acordo com nota oficial divulgada pela Portela, o sambista “não resistiu a complicações da intervenção”.

Hildemar Diniz nasceu em Cavalcante, na zona norte, mas se mudou ainda menino para Oswaldo Cruz, também na zona norte, bairro da Portela.

Ainda criança começou a compor. Aos 17 anos já era da Ala de Compositores da escola de samba.

Monarco é autor de alguns dos sambas mais clássicos da Portela, como “Passado de Glória”, “Triste Desventura”, “Vai vadiar” e “Coração em desalinho” – essas duas últimas se tornaram grandes sucessos na voz de Zeca Pagodinho.

Zeca foi um dos primeiros a lamentar a morte de Monarco. “Perdemos Monarco, nosso mestre, a Portela está triste, o mundo do samba está triste. Só tenho a falar que tive uma missão bacana, não fez feio, cumpriu a missão dele e Deus recebe”, disse, em vídeo para redes sociais.

Poucos minutos depois de a morte do sambista ser confirmada, a cantora Marisa Monte postou em uma rede social: “Monarco sempre foi um mestre nato, de personalidade generosa, que gostava de compartilhar seu saber e suas histórias. Sua memória prodigiosa guardava os melhores sambas e era nossa enciclopédia”.

Em 1999, Marisa convidou toda a Velha Guarda da Portela para gravar o CD Tudo Azul. Quase dez anos depois, em 2008, Lula Buarque de Holanda e Carolina Jabor lançaram o documentário “Mistério do Samba”, produzido por Marisa Monte, que tem Monarco como um dos principais personagens.

Paulinho da Viola também homenageou o sambista: “Hoje nós perdemos, não só para o povo da Portela, mas para todos aqueles que tem um amor pelo samba e sabem da importância do samba na cultura brasileira, nós perdemos uma das figuras mais importantes dos últimos tempos, que é o Monarco. Eu tive o prazer de conviver com ele e de gravar músicas dele. Eu conheci Monarco em 1964, quando cheguei na Portela e ele já era um sucesso.”

O governador do Rio, Claudio Castro, também lamentou a morte: “o samba perde uma de suas maiores expressões. Lamento profundamente o falecimento de Mestre Monarco e expresso meus mais profundos sentimentos à família portelense e ao mundo do samba, ao qual ele dedicou seus 88 anos de vida”.

A diretoria da Portela citou os versos de Dona Ivone Lara na canção “Adeus de um poeta” para se despedir do sambista: “Por nós tu não terias ido embora/É doloroso/Todo o samba chora/É triste mas foi mais um bamba, que o mundo do samba perdeu”.

Monarco deixa esposa, filho, netos e uma legião de fãs e admiradores. Ainda não há informação sobre velório e enterro.

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