Por: Adalberto Luque
Morreu, na madrugada desta segunda-feira (17), aos 91 anos, o tenente coronel da Polícia Militar, Carlos Miranda. Além de policial militar, Miranda foi protagonista de uma das mais populares séries televisivas dos anos 1960, o “Vigilante Rodoviário”.
O ator e policial estava internado em um hospital de São João da Boa Vista, distante 185 km de Ribeirão Preto. De acordo com o Comando da Polícia Militar Rodoviária, Carlos Miranda morreu de causas naturais.
Pioneiro
Miranda foi protagonista do primeiro seriado produzido especialmente para a televisão, em toda a américa latina. “Vigilante Rodoviário” estreou em março de 1961 e registrou o maior índice de audiência na TV brasileira até então.

Exibida originalmente pela TV Tupi, após o popular “Repórter Esso”, a série mostrava o trabalho do patrulheiro e seu fiel cão Lobo, que percorriam as rodovias paulistas sobre uma moto Harley-Davidson 1952 ou a bordo de um Simca Chambord 1959.
Foram produzidos 38 episódios, em três temporadas. Apesar do alto índice de audiência, na época apenas 30% das casas tinham um aparelho de TV. Os produtores decidiram, então, condensar quatro episódios para criar um filme de longa-metragem.
O lançamento foi no cine Art-Palacio, em São Paulo, sendo projetado depois em cinemas de todo o País, transformando-se em fenômeno de bilheteria. Outro filme, com mais quatro episódios, foi lançado tempos depois.
Muitos atores em início de carreira, hoje nacionalmente famosos, participaram do elenco do “Vigilante Rodoviário”: Fulvio Stefanini, Rosamaria Murtinho, Ari Fontoura, Stenio Garcia, Juca Chaves, Ari Toledo, Toni Campelo, Milton Gonçalves, Luis Guilherme, entre outros.

O início
Começou como cantor de circo e parques de diversões, aos 15 anos. Depois participou de grupos teatrais, até protagonizar a peça “O ídolo das meninas”. Trabalhou também nos estúdios da Maristela Filmes, no Jaçanã, zona Norte da Capital.
Carreira Militar
Após o término da série, Miranda foi convidado pelo então Comandante Geral da Força Pública, General de Exército João Franco Pontes, para ingressar na carreira de policial, afinal, para interpretar a série, o ator havia cursado a escola de Policiais Rodoviários, em Jundiaí, distante 260 km de Ribeirão Preto.
Passou por todas as etapas e cursos da PM. Ficou na Corporação por 25 anos e se aposentou como tenente coronel. Nos últimos anos, participava de encontros de colecionadores de carros antigos.
Também era palestrante e se apresentava em comemorações cívicas. Em 2017, foi inaugurado o acervo do Comando de Policiamento Rodoviário, que eternizou o nome do “Vigilante Rodoviário” e sua rica história.
Em Ribeirão Preto
Em novembro de 2018, Carlos Miranda esteve no Cineclube Cauim para participar de uma solenidade de valorização profissional em homenagem aos policiais militares que se destacaram no cumprimento de seu dever. O eterno “Vigilante Rodoviário” veio a convite da 4ª Cia de Policiamento Rodoviário de Ribeirão Preto.

Durante a solenidade, foi exibido “O Diamante Grão Mongol”, um dos 38 episódios da série. Na ocasião, Fernando Kaxassa, presidente do cineclube Cauim, disse que havia comprado os direitos de exibição dos episódios da série.
Em suas redes sociais, Kaxassa postou fotos do encontro histórico em Ribeirão Preto, que teve cobertura jornalística do Tribuna Ribeirão. O presidente do Cauim também postou uma mensagem homenageando Carlos Miranda.

“Adeus, Mestre! Faleceu Carlos Miranda, o eterno “Vigilante Rodoviário”. Tivemos oportunidade de homenageá-lo em vida no Cineclube Cauim! Símbolo dos bons policiais que o Brasil possui!”