Por Antonio Gonçalves Filho
Abstração e representação eram sinônimos para a pintora norte-americana Susan Rothenberg, que alcançou a fama justamente ao eleger a figura de um cavalo como um elo entre as duas correntes pictóricas dominantes nos anos 1960, quando ela se estabeleceu em Nova York. Casada com o também pintor Bruce Nauman, Susan Rothenberg morreu no dia 18, aos 75 anos, em Galisteo, Novo México, segundo informou um porta-voz da Galeria Sperone Westwater, que representa a artista desde 1987.
Rothenberg ajudou a marcar uma nova etapa da figuração ao sugerir, mais que enfatizar, imagens de objetos e animais em telas de fundo monocromático, transformando temas banais em grande pinturas.
A escolha do cavalo como figura central em várias dessas telas foi casual, apenas um pretexto para a pintura, podendo ser visto como uma representação figurativa dentro de um contexto abstrato, uma vez que o animal nunca aparece associado a uma paisagem, mas num espaço vazio. Ele garantiu à pintora a entrada definitiva no Whitney Museum e respeito entre os críticos contemporâneos, entre eles Peter Schjeldahl (Artforum), que escreveu sobre seu trabalho em 1979.
A pintora não imaginava, na época, que as telas gigantescas que elegiam cavalos como temas – ainda mais pintados sem sugestão tridimensional, mas na superfície da tela, algo borrados – pudessem lhe trazer fama e fortuna. Nascida em Buffalo, Nova York, em 1945, Susan Rothenberg foi incentivada pelo pai a pintar.
Ela chegou a ficar um tempo casada com o artista George Trakas, de quem se divorciou em 1979.
Dez anos depois foi morar com o também pintor Bruce Nauman, um dos principais nomes da arte conceitual, em Galisteo, um rancho perto do lugar onde viveu a pintora Georgia O’Keefe. Lá, Susan e Bruce Nauman criaram cavalos e galinhas, longe dos centros urbanos.
Presente em mostras internacionais como a Bienal de Veneza e Documenta de Kassel, sua última exposição foi realizada no começo deste ano na Galeria Sperone Westwater, uma estranha mostra em que os personagens de suas telas eram um tanto enigmáticos – uma instrumentista de preto, tocando Schubert (conforme a etiqueta de identificação) e um monge budista duplicado.