Tribuna Ribeirão
Política

Moro rejeita denúncia contra Antônio Palocci

O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em pri­meira instância em Curitiba, aceitou nesta segunda-feira, 13 de agosto, denúncia apresen­tada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-ministro Guido Mantega pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O magis­trado, no entanto, rejeitou, por falta de provas, a acusação con­tra Antônio Palocci pelo crime de corrupção passiva.

Mantega é suspeito de re­ceber, para si e para campa­nhas do PT, R$ 50 milhões da Odebrecht. Ele sucedeu Palocci no Ministério da Fazenda no primeiro governo de Luiz Iná­cio Lula da Silva (PT). “Ressal­vo, segundo a denúncia, apesar de ele ter participado dos fatos (…), consta que teria sido Guido Mantega responsável específico pela solicitação e pela posterior utilização dos R$ 50 milhões”, escreveu Moro ao falar sobre Palocci. A defesa do ex-minis­tro disse que ele continuará co­laborando com a Justiça.

Além de Mantega, que pas­sou à condição de réu pela pri­meira vez na Lava Jato – já res­ponde a processo na Zelotes –, o juiz federal aceitou as alegações do MPF contra outros nove acusados: o marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura; o funcionário do casal André Santana; o empreiteiro Marcelo Odebrecht; os exe­cutivos da Braskem Maurício Ferro e Bernardo Gradin; o ex-presidente da Odebrecht Newton de Souza; e os ex-exe­cutivos do setor de propinas da empreiteira Hilberto Silva e Fernando Migliaccio.

Os crimes apurados envol­vem a edição das medidas pro­visórias 470 e 472 (MP da Cri­se), beneficiando diretamente empresas do grupo Odebrecht, entre estas a Braskem, de acordo com o MPF. O objetivo da ma­nobra, afirmam os procurado­res, era permitir que a Braskem pagasse tributos federais de forma parcelada, com valor de multa reduzido. Os denuncia­dos vão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Segundo a investigação, o empresário Marcelo Odebrecht ofereceu propina aos ex-minis­tros com o objetivo de influen­ciá-los na edição das medidas provisórias. O valor oferecido a Mantega foi de R$ 50 milhões. De acordo com os procurado­res, o valor foi pago em conta específica mantida pelo setor de propinas de empreiteira, sob o comando de Fernando Migliac­cio e Hilberto da Silva.

O valor, diz a denúncia, só era utilizado mediante a autori­zação de Guido Mantega, sendo que parcela desse valor foi entre­gue aos publicitários Mônica Santana e João Santana, além de André Santana, para serem usados na campanha eleito­ral de 2014. A denúncia tem como base provas fornecidas pelas empresas Odebrecht e Braskem, no contexto do cum­primento das condições pre­vistas nos acordos de leniência firmados pelas empresas.

A suposta propina para Mantega foi lançada na pla­nilha da Odebrecht nomeada “Planilha Italiano”, na subconta “Pós-Itália”, de acordo com a força-tarefa. Ainda conforme a denúncia, o dinheiro ilegal teve origem em ativos da Braskem, mantidos ilicitamente no exte­rior pelo Setor de Operações Es­truturadas. Por sua vez, os publi­citários Mônica Santana e João Santana receberam R$ 15,15 milhões a partir do setor de pro­pinas mediante 26 entregas, em pagamentos que se deram tanto em espécie no Brasil quanto fora do território nacional, em contas mantidas em paraísos fiscais.

A defesa de Mantega disse na sexta-feira que não havia to­mado conhecimento oficial dos termos da denúncia da Procu­radoria da República no Paraná. O advogado criminalista Fábio Tofic Simantob explicou que só iria se manifestar quando tivesse acesso à acusação contra o ex-ministro. “O Supremo Tribunal Federal já decidiu que esses fatos são de competência da Justiça Eleitoral. Essa decisão foi, inclu­sive, comunicada ao juiz Sérgio Moro”, assinalou.

Antônio Palocci ocupou o Ministério da Fazenda entre 2003 e 2006 (governo Lula) e foi sucedido por Guido Mante­ga, que ficou no cargo até 2014. Palocci ainda foi nomeado mi­nistro da Casa Civil no início de 2011, no governo Dilma Rousseff (PT), e ficou na pasta até junho daquele ano. Ele está preso em Curitiba desde setem­bro de 2016, alvo da Operação Omertà, que o levou a uma pri­meira condenação – doze anos, dois meses e 20 dias de reclusão, por corrupção e lavagem de di­nheiro. Ele fechou um acordo de delação premiada com a Po­lícia Federal, homologado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

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