Tribuna Ribeirão
Justiça

Moraes converte prisão de 140 em ‘preventiva’

CARLOS MOURA/SCO STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), começou nesta quarta-feira, 18 de janeiro, a analisar atas de 1.459 audiên­cias de custódia de presos em flagrante por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. O ministro, relator do inqué­rito dos atos democráticos, no qual os processos tramitam, já proferiu 200 decisões – com a conversão de 140 prisões em flagrante em preventivas.

Nas 60 restantes, os inves­tigados foram liberados, mas terão de cumprir uma série de medidas cautelares, entre elas a colocação de tornozeleira ele­trônica e a proibição de uso de redes sociais. Também foi de­cretado o cancelamento de pas­saportes e a suspensão do porte de arma e de “certificados de registro para realizar atividades de colecionamento de armas de fogo, tiro desportivo e caça”.

Nas prisões convertidas em preventivas, o ministro apontou evidências de supostos crimes enquadrados como atos terro­ristas, de associação criminosa, de abolição violenta do estado democrático de direito, de gol­pe de estado, ameaça, persegui­ção e incitação ao crime.

Moraes considera que as condutas foram “ilícitas e gra­víssimas” e tiveram o objetivo de impedir, por meio da vio­lência, o exercício dos poderes constitucionais constituídos. O ministro viu “flagrante afronta à manutenção do estado demo­crático de direito, em evidente descompasso com a garantia da liberdade de expressão”.

Destaca, ainda, a necessi­dade de apurar o financiamen­to dos atos. A análise de todos os casos deve ser concluída até sexta-feira, dia 20. Até lá, o Su­premo Tribunal Federal divul­gará diariamente balanços das decisões tomadas a respeito de todos os investigados.

Também ministro do STF, Gilmar Mendes acolheu pedi­do da Defensoria Pública da União e determinou a saída antecipada, com tornozelei­ra eletrônica, de 85 mulheres que cumprem regime semia­berto com trabalho externo na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colmeia. A medida tem prazo inicial de 90 dias e foi decretada após o presídio receber 513 detidas por atos golpistas.

A lista da Secretaria de Es­tado de Administração Peni­tenciária do Distrito Federal (Seape-DF) não havia sido atualizada até as 20h30 desta quarta-feira. Segundo os da­dos disponíveis, 1.382 pessoas continuavam presas nos Cen­tros de Detenção Provisória da Papuda (894 homens) e da Colmeia (488 mulheres).

A advogada Nara Fausti­no de Menezes, de 43 anos, de Ribeirão Preto, já havia sido transferida para uma cela especial no 19º Batalhão de Polícia Militar do Distrito Fe­deral. Outras quatro pessoas da região também estavam na lista de anteontem.

Entre os presos estão a mé­dica veterinária e social media de Guariba, Ana Carolina Isi­que Guardiéri Brendolan, de 30 anos, e o suplente de vereador em Nuporanga, Henrique Fer­nandes de Oliveira, o Sargento Fernandes (MDB), de 51 anos, um dos 35 políticos presos por atos golpistas e invasão às sedes dos Três Poderes.

A lista traz ainda Marcos Joel Augusto, o Marcão Bola de Fogo, de 52 anos, morador de Pitangueiras, que em 2020 concorreu ao cargo de vereador pelo Cidadania e não foi eleito. Ele está no Centro de Detenção Provisória (CDP) da Papuda. Além deles, o advogado ribei­rão-pretano Barquet Miguel Junior (filho do ex-vereador Barquet Miguel, que cumpriu sete mandatos), de 52 anos, está detido no mesmo local.

Disse em depoimento que foi a Brasília em viagem de turismo. Quinze crimes são investigados. O juiz federal Francisco Alexandre Ribeiro decidiu aceitar o pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e bloqueou bens de 52 pessoas físicas e sete jurídicas, num total de R$ 6.539.100.

A decisão saiu na noite do dia 12. O publicitário Genival José da Silva, de 69 anos, e a desempregada Márcia Regi­na Rodrigues, de 48 anos, também moradora da cida­de, estão na lista. Ele não foi notificado. Garante não ter fi­nanciado nenhuma viagem de bolsonaristas a Brasília.

A defesa de Márcia Regina Rodrigues não foi localizada. A família diz que atualmente ela está fora do mercado de traba­lho. Segundo a AGU, os 52 al­vos são responsáveis por pagar o fretamento de ônibus para levar pessoas aos atos ocorridos em Brasília no domingo.

O órgão informou se tratar de um valor inicial, baseado na estimativa preliminar de prejuízos materiais calculados somente pelo Senado (R$ 3,5 milhões) e pela Câmara dos Deputados (R$ 3,03 milhões). Restam ainda a contabilização dos danos causados ao Palácio do Planalto e à sede do Supre­mo Tribunal Federal. Entre os bens na mira do pedido da AGU estão imóveis, veículos e valores em contas correntes.

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