Desde que atos golpistas deixaram, no dia 8 de janeiro, um rastro de destruição na Praça dos Três Poderes, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou – além de prisões – o bloqueio de contas em redes sociais, inclusive de parlamentares, o cancelamento do passaporte de suposto líder dos protestos antidemocráticos e a coleta de material biológico dos detidos.
As ordens constam do inquérito aberto, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), para investigar suposta “omissão” do governador Ibaneis Rocha (MDB), do ex-secretário da Segurança Pública Anderson Torres, do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Fábio Augusto Vieira e do ex-secretário interino da Segurança Pública Fernando de Sousa Oliveira.
Boa parte dos despachos foi assinada na quarta-feira passada, mesmo dia em que o ministro proibiu a “interrupção ou embaraço” ao trânsito em todo País em meio a ameaça de novos atos golpistas. Quando assinou a primeira decisão, já no dia 8, Moraes havia determinado o bloqueio de 17 contas, perfis e canais de bolsonaristas acusados de instigar os atos antidemocráticos, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de desobediência.
Na última quarta-feira (11), o ministro mandou bloquear mais 34 perfis do Facebook, Rumble, Telegram, Tik Tok, Twitter e YouTube. Entre os canais bloqueados estão os dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e José Medeiros (PL-MT) e dos influenciadores Monark e Bárbara “Te Atualizei”.
Outra medida adotada pelo ministro do STF foi o cancelamento do passaporte de Esdras Jonatas dos Santos, “investigado por liderar movimentos antidemocráticos”. A medida foi decretada em razão da notícia de que Esdras teria se “evadido do território nacional”. Ele é o comerciante que obteve, na Justiça de Minas Gerais, autorização para voltar a acampar na frente do quartel de Belo Horizonte, desmontado pela prefeitura no início do mês.
O ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário da Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, foi preso pela Polícia Federal na manhã de sábado (14), ao desembarcar no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. Ele estava na Flórida, nos Estados Unidos, quando teve a prisão preventiva – por prazo indeterminado – decretada por Alexandre de Moraes. É alvo de investigação por omissão durante a invasão das sedes dos três Poderes, em Brasília – ele havia assumido a secretaria do DF no dia 2 e, logo em seguida, saiu de férias.