Por: Adalberto Luque
Tremores de terra foram sentidos, na noite desta terça-feira (07), em Sales Oliveira. O assunto ganhou destaque nas redes sociais da cidade. A princípio o assunto foi tratado com receio e, em alguns casos, com muito medo. Depois até “memes” passaram a ser veiculadas.
Segundo relatos, o primeiro tremor ocorreu por volta de 21h30. Alguns moradores afirmam ter sentido outros tremores. Houve quem sentisse quatro. O último teria ocorrido por volta das 23h30, segundo relatos nas redes sociais. De acordo com o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), todavia, não há registros de tremores captados pelos medidores sísmicos do órgão.
Cidade já teve outros episódios
Sales Oliveira já teve outros episódios de abalos sísmicos. Em 2019, pesquisadores do Centro de Sismologia da USP chegaram a instalar quatro sismógrafos após tremores ocorridos em 13 de agosto daquele ano. Os equipamentos avaliaram as condições do solo da cidade, que está situada ao centro de uma placa tectônica – os grandes tremores ocorrem em atritos nas extremidades de tais placas.
Entre os dias 22 e 24 de agosto de 2019 os equipamentos teriam registrado magnitudes abaixo de 3.0 na escala Richter, o que, de acordo com relatório, normalmente não causa nenhum dano sério. “Não se pode prever como os tremores irão evoluir. É possível que diminuam de frequência e intensidade, com pequenos surtos ocasionais, mas podem aumentar também. Tremores de terra são imprevisíveis”, observou o relatório da USP.
A causa mais provável, à época, foi a perfuração de poços artesianos, que teriam provocado acomodação de camadas próximas à superfície, causando os tremores sentidos pelos moradores. Porém não houve uma conclusão definitiva.
“Ainda não é possível saber com absoluta certeza se os tremores de Sales Oliveira são naturais ou induzidos, o que pode demandar estudos de vários meses com acompanhamento da atividade sísmica. Para estes estudos iniciados pelo IAG-USP será necessário coletar dados sobre as formações geológicas abaixo da cidade, como espessura de solo, profundidade e espessura da camada de basalto, profundidade da água dos poços, etc. Estes dados serão essenciais para se poder localizar os focos dos tremores com maior precisão e verificar uma possível relação com o poço” encerrou o documento sem informar se o estudo prosseguiu.
Não há motivo para pânico
O secretário do Meio Ambiente de Sales Oliveira, Isaac Roque, relatou ter sentido apenas um tremor, mais forte. Ele entrou em contato com os especialistas da USP, mas ainda não recebeu a confirmação se eles vão retornar a Sales Oliveira.
Roque explica que os sismógrafos foram retirados da cidade depois da realização do estudo, em 2019. “Mas o tremor não foi notado nas diferentes estações que a USP tem na região. Acredito que seja causa natural. Tem chovido muito na região. Isso altera a pressão do subsolo e gera a movimentação. Pode até ser poço artesiano, mas sem um estudo, não há como afirmar”, explica.
O secretário do Meio Ambiente conversou com diversos moradores e garantiu que não há motivo para pânico. “Como a chuva tem sido forte e constante, a água penetra no solo para chegar ao lençol. Isso causa a acomodação nas camadas superficiais. Justamente por isso acabamos sentindo o tremor”, tranquiliza Roque.
A exemplo do relatório da USP, ele também acredita que esse tipo de tremor não vá causar danos ou provocar uma tragédia. “Para não dizer que em 2019 não houve danos, uma casa que tinha os pisos, talvez mal assentados, teve problemas. Mas foi apenas isso. Eu senti apenas um tremor. Outros moradores falaram até em quatro. Pode ser que sentiram ou que estivessem suscetíveis por conta do medo do momento. Não é agradável. Agora vamos esperar o posicionamento da USP e continuar acompanhando para observar se há outros abalos”, conclui.