Inconformados com o acúmulo de entulhos e o mato alto em uma área verde, moradores decidiram não esperar pelas ações do Poder Público e colocaram a mão na massa. Criatividade e boa vontade transformaram o local. O que antes era sujeira e frequentado por usuários de drogas, hoje é ocupado por famílias que desfrutam de jardins cuidados e parques com brinquedos para crianças.
A área está localizada no quadrilátero composto pelas avenidas Mogiana, Marechal Costa e Silva e pelas ruas Pindamonhangaba e Colômbia, na Vila Mariana. Em frente há uma praça, denominada João Cozac, mas que também está abandonada.

A responsável pela mudança é a empresária Rosa Galego Pessuti, de 62 anos, que mora na esquina das duas avenidas, bem em frente ao terreno há 30 anos. “Fiquei muito incomodada. Cada dia eu via mais e mais gente jogando entulho. Resolvi mudar e acho até que demorei muito”, diz. “Foi em julho. Levamos um dia inteiro só para retirar os galhos e entulho. Usamos uma camionete que temos. Deu trabalho, mas valeu”, completa.
Com a área limpa, dona Rosa, familiares e vizinhos resolveram, além de fiscalizar, plantar flores e fazer um parque infantil com produtos recicláveis, para que o espaço não fosse novamente tomado por entulho.

Ela viu na internet alguns brinquedos e vasos feitos com pneus de carros e caminhões. Copiou, adaptou e inventou. Aos poucos a área foi transformada em uma praça, com muitas plantas, brinquedos como balanço, cama elástica e túnel, além de bancos.
Ideval José Pessuti, 66 anos, esposo de dona Rosa e um tipo de faz-tudo. Ele que ajuda a fabricar os brinquedos. “Mas é gratificante ver as crianças brincando. No fim da tarde os pais e os filhos vêm pra cá, formam filas nos brinquedos. Até os adultos brincam”, comenta. “Um dia quebrou a corrente de um dos balanços porque não suportou o peso de um adulto, aí veio uma menininha brava perguntando quando eu iria arrumar (ri). Claro que fui arrumar, né!”, se diverte.

A atitude da criança demonstra que o espaço foi ocupado pelas famílias. Melhor, deixou de ser ocupado por usuários de drogas. A dona de casa Luciana Magnani, 44 anos, que mora nas imediações há menos de um ano comprova. “A gente ficava incomodada com esse pessoal que usava drogas, não é bom. Mas quando eles perceberam que os moradores começaram a usar a praça, que não estava abandonada, eles foram embora”, comemora.
Metade cuidada, metade abandonada
Mas quem vê o local percebe uma diferença grande. Metade da praça está cuidada e metade completamente abandonada. De um lado a grama aparada e de outro mato alto com cavalo amarrado.
Dona Rosa explica que não cuida porque o cortador de grama que eles compraram tem 30 metros. “Não dá pra cuidar de tudo e a gente espera que o nosso exemplo ajude as outras pessoas que têm comércio aqui, possam ajudar também”, diz.
Luciana diz que procurou ajuda na Prefeitura e na Câmara de Vereadores. “Pedimos para que ajudasse na limpeza, mas infelizmente nunca foi feito nada, pelo menos desde que moro aqui”.
Os moradores relatam que tentaram em uma ocasião fazer um campinho de futebol, mas as traves foram furtadas. “Mas queremos tentar de novo, porque agora é diferente, com a presença da vizinhança”, diz Ideval. “A gente pede que a praça seja iluminada, já ajudaria muito”, completa Luciana. “Outra coisa, eu gasto muita água. Uso a torneira de casa, mas se tivesse uma aqui na praça, a gente poderia fazer mais”, finaliza Rosa.