Sérgio Roxo da Fonseca *
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Taís Costa Roxo da Fonseca **
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José Bento Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, cursou direito, tendo exercido momentaneamente as funções próprias do Ministério Público. Era proprietário de área agrícola. Tornou-se extraordinário escritor de obras infantis. Prestou serviços ao governo brasileiro nos EEUU tendo então mantido contato com o sistema industrial que consabidamente, como hoje, depende da exploração do petróleo.
Ao retornar ao Brasil levantou a bandeira da industrialização com destaque feito à exploração do petróleo, passando a encontrar uma fortíssima resistência política e empresarial. Argumentava que, se já haviam encontrado petróleo até na Bolívia, com certeza o mesmo deveria ocorrer no Brasil, dependendo de ser aqui realizado um trabalho bem articulado.
A história de sua vida documenta que realizou trabalhos de pesquisa do petróleo brasileiro. Na mesma época foi instalada no Brasil a ditadura de Getúlio Vargas que, até então, mantinha gabinete que se opunha à pesquisa do petróleo.
Opondo-se à orientação ditatorial, Monteiro Lobato acabou sendo preso. Na época o petróleo passou a ser encontrado na Bahia. Surge o movimento político que levantou a bandeira do “PETRÓLEO É NOSSO”, que, por absurdo, foi identificado como a penetração das propagandas esquerdistas, até então denominadas “comunistas”. Vários propagadores da instalação da empresa estatal, que foi batizada com o nome de PETROBRÁS, foram presos.
Monteiro Lobato ainda escreveu uma obra infantil, ”O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, em busca de propagar a sua visão de ver instalada uma política industrial no Brasil o que até hoje ainda não alcançou a sua maior amplitude.
Monteiro Lobato faleceu com 66 anos de idade. Como se observa, foi um grande pensador, deixando livros infantis e pelo menos um livro para adultos, fazendeiro e estudioso da implantação da indústria brasileira, que, até então sofria forte oposição tanto do Brasil como dos EEUU. A sua obra e a sua vida merece ser revisitada.
Já no final de sua vida a sua obra, especialmente a infantil, passou a ser classificada como esquerdista, tornando-se proibida de ser editada. A sua obra deixou de ser editada em toda a sua amplitude.
Recentemente Monteiro Lobato passou a ser acusado de “racista”, como se fosse possível lançar ta
l condenação contra todos aqueles que, como ele, escreveram livros e produziram outras obras, fotografando o Brasil vivido em uma triste época de grande explorador do trabalho indigno e desumano.
Logo depois do seu falecimento, foi trazido para o Brasil um técnico norte-americano, considerado o maior conhecedor de petróleo do mundo. Decretou que a Bolívia poderia ter petróleo. O Brasil jamais. Os dias falaram contra a visão do extraordinário professor!
Na época surgiu um grande conflito entre militares e políticos brasileiros, tendo saído vencedor aqueles que propunham a realização da pesquisa do petróleo como até mesmo a instalação de empresa estatal. O objetivo não era orientado apenas para a pesquisa do petróleo, mas também para sua exploração por uma empresa estatal. Foi então criada a “PETROBRAS”, impulsionada pelo povo brasileiro e institucionalizada pelo seu governo. Como é sabida, a “PETROBRÁS” converteu-se na maior empresa estatal brasileira.
É relevante registrar que o Brasil, nos dias de hoje, não só produz petróleo retirado do seu subsolo como até mesmo da sua costa marítima, como, por exemplo, do norte do Estado de São Paulo. Todavia a imagem de MONTEIRO LOBATO e de outros protetores da riqueza brasileira, são alvos diariamente de objeto de fortíssima luta contra a “PETROBRÁS”, como até mesmo contra a sua existência. Sustentam que o petróleo aqui encontrado não é petróleo brasileiro…
Mas a nossa história já arquiva a notícia segundo a qual, logo após a descoberta e a exploração do petróleo surgiu a industrialização do ferro e do aço e até mesmo a do estanho boliviano (na época o Brasil, os EEUU e a Rússia eram os únicos países dotados de indústria estanífera).
Parece da mais alta relevância manter na nossa memória o trabalho e o sofrimento de MONTEIRO LOBATO em busca da industrialização brasileira.
* Advogado, professor doutor, procurador de Justiça aposentado e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras
** Advogada