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Monte Nebo 

Sérgio Roxo da Fonseca *
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Taís Costa Roxo da Fonseca **
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O Monte Nebo, registra a Bíblia, encontra-se no limite da Cisjordânia, ponto final da caminhada que os judeus fizeram para atravessar a Península Arábica e para vislumbrar, desde aquelas alturas, a Terra Prometida. Lá embaixo, depois do Rio Jordão está, já naquela época, a cidade de Jericó cercada por muralhas.

Naquele local, Deus, segundo o Velho Testamento, comunica-se com Moisés, afirmando que o profeta ali morrerá, mas terá o direito de ver do alto do Monte Nebo a Terra Prometida. Essa foi a pena sofrida pelo grande profeta.

O Papa Bento XVI também visitou o Monte Nebo, já no século XX, quando então foi recebido pelo rei Abdalla II, oportunidade na qual proferiu palavras de saudação ao monarca, afirmando que tinha “profundo respeito pela comunidade mulçumana, sabedor que o rei Abdalla II” construía um notável trabalho em favor de “uma melhor compreensão das virtudes do Islã”.

As palavras proferidas pelo Papa Bento XVI, certamente, causou tão importante preocupação no mundo cristão que historicamente sempre se afastou da cultura transmitida por Maomé.

Para conferir um fator documental, o Papa ordenou a construção de um marco no qual fez inserir a seguinte frase em latim: “Unus Deus, Pater omnium, super omnes” que enseja a seguinte tradução: “Um só Deus, Pai de todos, sobre todos”.

Mas, os mulçumanos adoram o mesmo Deus dos cristãos?

A resposta é positiva.

O criador da doutrina arábica chamava-se Maomé na nossa língua, mas universalmente é conhecido como Abu Alcachine Maomé IbnAbdalaibn Abedal Motalibe ibnMaxime. Nasceu em abril de 571; faleceu em 8 de junho de 632.

Maomé transmitiu aos seus fieis uma devoção permanente e respeitosa pelos profetas bíblicos: Abraão, Davi, Jacob, Isaac e Ismael e, com certeza Jesus Cristo. Portanto os mulçumanos até hoje consideram Jesus Cristo o grande profeta da humanidade. Mas não consideram Jesus como o Deus do universo.

Segundo a fé mulçumana, em uma noite “Deus conduziu o Profeta numa viagem miraculosa de Meca até a mesquita de Aqsa, depois para os céus. Ele teve um encontro com Jesus e Moises, símbolos da comunidade das religiões do livro”.

Daí resulta o grande conflito ocorrido entre os mulçumanos que ocupavam a região conhecida como Oriente Próximo, onde se encontrava a cidade santa de Jerusalém, com os cristãos. Como sabido os cristãos invadiram a o Oriente Próximo, sob o pretexto de libertar Jerusalém dos “infiéis”.

O choque entre a civilização europeia e a asiática, naqueles tempos, documentou a superioridade da cultura asiática sobre a europeia.

Foram os árabes que introduziram o sistema decimal na matemática por volta da invasão dos mulçumanos na Península Ibérica. O mulçumano Averrois converteu-se no mais relevante estudioso da filosofia grega num tempo que essa tarefa era vedada aos cristãos. Era ele nascido em Córdoba na mesma época do judeu Maimônides. No mesmo sentido ficou a extensa obra de Ibn Sina, ou Avicena, que tanto contribuiu para o conhecimento da filosofia grega como da medicina.

O hospital dos árabes, fundado em Damasco e 1154, funcionou até 1899, quando foi transformado em escola. “Em medicina, astronomia, química, geografia, matemática, arquitetura, os francos obtiveram conhecimentos nos livros árabes. Muitas palavras atestam isso: zênite, nadir,azimute, álgebra, algoritmo ou apenas cifra”( As Cruzadas vistas pelos Árabes, Amin Malouf, Editora Vestígio, p. 282).

* Advogado, professor livre docente aposentado da Unesp, doutor, procurador de Justiça aposentado, e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras

** Advogada 

 

 

 

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