A Microsoft começou esta segunda-feira (04) oficializando a compra do GitHub, o principal repositório de códigos-fonte para desenvolvedores de softwares no mundo. A aquisição vai custar US$ 7,5 bilhões para a fabricante do Windows e dar a ela acesso a um ecossistema com 28 milhões de usuários e mais de 10 anos de história. A aquisição já vinha sendo ventilada na imprensa desde o final da última semana.
O valor será pago em ações da própria Microsoft, em um negócio que ainda depende de aprovação regulatória. Esse aval das autoridades, porém, deve vir nos próximos meses, com a expectativa de finalização da aquisição até o final deste ano. É o fim de um processo de aproximação que teria começado em 2016, com negociações interrompidas diversas vezes e retornadas outras tantas.
A compra, porém, não caiu tão bem junto à comunidade de desenvolvimento, que teme pelas mudanças que a companhia pode realizar sobre um serviço que operou, até então, de forma relativamente independente. O temor é, principalmente, quanto a atuação de concorrentes, uma vez que nomes como Google, Apple e Amazon também utilizam a plataforma para se conectarem à comunidade de desenvolvimento e disponibilizam seus trabalhos de código aberto para o mundo.
A Microsoft, porém, garante que nada vai mudar. Ao comunicar a compra, a companhia disse que o GitHub deve continuar operando da forma como todos os desenvolvedores estão acostumados e de maneira completamente independente da estrutura de sua nova dona, garantindo que o mesmo ecossistema de criação, conhecimento e compartilhamento continue funcionando de maneira intocada.
Ao comentar o anúncio, a Microsoft afirma que a aquisição serve para intensificar seus esforços a favor da “liberdade, abertura e inovação” no mercado de desenvolvimento de software. A ideia, a partir de agora, é permitir que os produtores de aplicativos estejam cada vez mais preparados para os desafios que estão por vir.
Por isso, desde já a empresa faz questão de garantir que nada vai mudar. Em seu comunicado oficial, a Microsoft afirma que os produtores poderão continuar a usar qualquer linguagem, ferramenta ou plataforma para desenvolvimento, bem como publicar projetos que funcionem em qualquer dispositivo, nuvem ou sistema operacional, inclusive aqueles operados pela própria companhia.
Mesmo com o anúncio, porém, algumas mudanças gerenciais já foram anunciadas. O atual CEO do GitHub, Chris Wanstrath, deixa a gerência da companhia para se tornar um consultor técnico da Microsoft, trabalhando diretamente para o vice-presidente da empresa, Scott Guthrie, e em iniciativas de cooperação com desenvolvedores e estratégias relacionadas a software.
O cargo de direção no repositório, então, passa a ser ocupado por Nat Friedman, que até agora atuava como vice-presidente da Microsoft para o mercado corporativo. Ele tem experiência no mercado de desenvolvimento, com ênfase em código aberto, tendo sido o fundador da Xamarin, empresa de produção de aplicativos mobile que foi adquirida pela fabricante do Windows em 2016.
No comunicado, Wanstrath também demonstrou apoio à aquisição, afirmando que “o futuro do desenvolvimento de software é brilhante” e se tornará ainda melhor com o GitHub unindo forças com a Microsoft. Satya Nadella, CEO da companhia, reforçou esse entusiasmo, afirmando que a compra reafirma o compromisso de Redmond com o suporte aos produtores e à disponibilização de ferramentas para que eles possam executar seus trabalhos da melhor maneira possível.
A compra não deve gerar saldo negativo nos números da companhia. A Microsoft afirma que o dinheiro da aquisição virá de um saldo de US$ 30 bilhões, oriundo de uma recente recompra de ações, com um novo processo desse tipo sendo preparado para seis meses após a conclusão da transação com o GitHub. Os resultados do repositório, então, passarão a integrar o segmento de “Nuvem Inteligente” da empresa, contribuindo para os ganhos a partir de 2020.
Fonte: Microsoft