A Escola de Seu Filho(a) possui Aprendizagem Significativa?
Professor Cauê C. Upneck *
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Status: on-line
Desculpe a provocação, faz parte da minha natureza docente. A pergunta que dá título a este artigo possui, propositalmente, duplo sentido. Quem já participou de curso ou palestra (por mais que soe paradoxal, pois o formato consagrado de palestras destoa das ferramentas de apoio ao processo de aprendizagem ativo) sobre Metodologias Ativas e Aplicação de Tecnologias Educacionais recebe um choque, um soco, uma pancada de informações e possibilidades que, como um “tsunami”, varre imediatamente nossas ideias consagradas de que “para ser um bom professor preciso ter conteúdo para boas aulas expositivas” (a ideia do “professor standup”) ou ainda que “aula boa é aula com professor falando e alunos em transe pedagógico, em silêncio e absorvendo o conhecimento que emana do docente” (controle de turma e professor “sabe-tudo”). Ficamos pensando em como estávamos lecionando de forma arcaica e como tudo será diferente dali por diante. É irresistível! Doutrinador!
Porém a maioria destes cursos e palestras são realizados em feriados, sextas-feiras ou sábados. E tais datas são sucedidas por segundas-feiras. Invariavelmente. E nada mais resistente do que uma segunda-feira preguiçosa e rotineira. Frases como: “De nada adianta eu aplicar agora, vou esperar acabar o bimestre/trimestre”, “com essa turma indisciplinada não dá. Eles não merecem.”, “a escola não me dá apoio, não tenho estrutura. Aqui é na base do feijão com arroz mesmo” serão recorrentes. O tempo passa, a “tsunami” recua e as antigas (e retrógradas) ideias de como dar aula voltam ao seu lugar. A primeira resistência para sair da teoria à prática, portanto, é do próprio docente.
Uma segunda resistência parte daqueles que mais deveriam apoiar a revolução em sala de aula: os pais ou responsáveis. “Cadê? O livro foi preenchido?”. “Essa escola fica inventando moda, onde estão as tarefas de casa?”. “Na minha época…”. Evidente que este comportamento reflete no que os alunos imaginam ser uma boa aula. “Se meu pai, minha mãe ou meu avô afirmam que a maneira correta de aprender é X, e com essa maneira X eles são pessoas bem sucedidas (sob o ótica do aluno) por qual motivo devo apoiar essa maneira Y?” E assim, estamos fadados a um processo de repetição, um ciclo vicioso.
Cabe à escola não ser a terceira resistência. Caso isso ocorra, possuir lousas digitais, óculos de Realidade Virtual, “tablets” ou outros itens (Tecnologias Educacionais) será estéril no que tange colocar o aluno no centro do processo de ensino-aprendizagem. Serão objetos para encantar durante a matrícula (em caso de escolas particulares), mas não passarão disso, objetos. A escola deve, em suas formações de docentes e reuniões de planejamento, proporcionar ferramentas para que os professores possam, dentro daquele contexto e realidade, variar sua intencionalidade pedagógica (aula expositiva, Jig-Saw, estudo de caso, Pense-Junte-Compartilhe, encenação, trabalho em equipes com Múltiplas Inteligências, uso de aplicativos de VR (realidade virtual), construção de modelos, entre centenas de outras intencionalidades) colocando em prática ao longo do ano letivo, o que a “tsunami” trouxe.
A escola de seu filho ou filha, estáde fato preocupada com um processo de aprendizagem de fato significativo? Como seu filho ou filha avalia a diversidade de instrumentos e táticas pedagógicas de seus professores? Uma boa maneira de avaliar esse item é verificar se ocorre utilização de diferentes espaços da escola em aulas costumeiramente vistas como tradicionais ou se o docente consegue utilizar instrumentos tecnológicos mesmo em processos ditos tradicionais. Por exemplo: Uma aula de Matemática cujo tema é quadrilátero e o professor leva os alunos à quadra da escola com uma trena e objetivos distintos para grupos. Ou ainda, um questionário de Geografia e a professora aplica o mesmo utilizando um aplicativo de gestão de perguntas e respostas.
* Diretor Educacional do Colégio Novo