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Merck recebe aval para pílula no Reino Unido

MERK & CO INC./REUTERS

O órgão regulador de me­dicamentos britânico anunciou nesta quinta-feira, 4 de novem­bro, que aprovou uma pílula antiviral contra a covid-19, de­senvolvida conjuntamente pela farmacêutica americana Merck Sharp and Dohme (MSD) e pela Ridgeback Biotherapeutics. O Reino Unido torna-se o primei­ro país a liberar um tratamento que tem o potencial de mudar o curso da pandemia.

A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) recomendou que o produto, chamado mol­nupiravir, seja usado o mais rapidamente possível após um diagnóstico positivo de co­vid-19 e cinco dias após o iní­cio dos sintomas.

Este é o primeiro tratamen­to antiviral por via oral contra a doença a ser aprovado, e o aval britânico acontece antes de uma potencial luz verde de órgãos re­guladores dos Estados Unidos. Conselheiros da agência nor­te-americana se reunirão neste mês para discutir se o molnupi­ravir deve ser aprovado.

O medicamento, que rece­berá o nome comercial de Lage­vrio no Reino Unido, tem sido observado de perto. Dados mos­traram, no mês passado, que ele reduz à metade as chances de morrer ou ser hospitalizado por causa do novo coronavírus, para aqueles com risco maior de desenvolver formas graves da covid-19 quando recebem o medicamento no início.

O governo britânico disse que o Serviço Nacional de Saú­de (NHS) do país irá confir­mar, no devido tempo, como o medicamento será aplicado em pacientes. No mês passado, o Reino Unido fechou acordo com a MSD para garantir 480 mil tratamentos com o mol­nupiravir. Em comunicado separado, a MSD afirmou que espera produzir dez milhões de unidades até o final deste ano, com 20 milhões a serem produzidos em 2022.

No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está em “conversas avançadas” com a farmacêutica america­na Merck Sharp and Dohme (MSD) para determinar um modelo de cooperação técnica para produzir no Brasil o anti­viral molnupiravir.

A nova droga desenvolvi­da contra a covid-19 se revelou muito promissora no tratamen­to da doença em estudos con­duzidos no exterior. Segundo a farmacêutica, o remédio redu­ziu em aproximadamente 50% os riscos de internação e morte em um estudo de fase 3.

A nova droga é um anti­viral que funciona “atrapa­lhando” a replicação do Sar­s-CoV-2. O vírus é induzido ao erro no momento da repli­cação e perde a força. Ele deve ser aplicado ao longo de cinco dias. Atualmente, o tratamento nos EUA está custando cerca de US$ 700 (R$ 3,5 mil).

Caso as negociações sejam bem sucedidas, a ideia é fabri­car o remédio em Farmangui­nhos, no Rio de Janeiro. Para que seja produzido e distribu­ído no Brasil, o medicamento precisa, inicialmente, do aval da Agência Nacional de Vigi­lância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial no país.

A Comissão Nacional de In­corporação de Tecnologias (Co­nitec) também precisa avaliar se o produto será incorporado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O primeiro estudo clínico global com o molnupiravir revelou que o antiviral reduziu em aproxi­madamente 50% o risco de hos­pitalização e morte.

Até o 29º dia do experimen­to, nenhuma morte foi relatada entre os pacientes que recebe­ram o medicamento. No grupo que tomou placebo (substância inócua), no entanto, foram re­gistrados oito óbitos. Os dados demonstraram que 7,3% dos pacientes que receberam o mol­nupiravir tiveram que ser hos­pitalizados ou morreram em comparação com 14,1% dos que foram tratados com placebo.

O remédio se revelou efi­caz contra as variantes Gama, Delta e Mu do Sars-CoV-2. O resultado foi considerado tão bom que o estudo foi suspenso antes do previsto para que as pessoas que estavam receben­do placebo pudessem também receber o remédio.

A Fiocruz anunciou que o remédio começa a ser testado no Brasil em fase 3 para o uso pro­filático pós-exposição (PEP). Es­tão sendo recrutadas pessoas ex­postas ao vírus que não tenham sido ainda vacinadas. Caso se revele eficiente também como prevenção à doença, será o primeiro “tratamento precoce” contra a covid-19 comprovado cientificamente.

Os participantes receberão o tratamento (ou o placebo) durante cinco dias e serão acompanhados por 29 dias. O objetivo é testar a segurança e a eficácia do remédio na preven­ção da doença. As negociações entre a Fiocruz e a MSD in­cluem a possibilidade de estu­dos futuros para avaliar o uso do remédio no enfrentamen­to de outras infecções virais, como dengue e chikungunya.

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