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Mercenários russos reivindicam Bakhmut

O grupo paramilitar russo Wagner afirmou nesta segun­da-feira, 3 de abril, ter tomado “no sentido legal” a cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, onde Moscou tem travado a batalha mais longa da guerra que começou em 24 de feverei­ro do ano passado. Segundo os milicianos russos, o edifício da Câmara Municipal foi ocupado.

O grupo Wagner apoiou as tropas russas em sua ofensiva para cercar Bakhmut, um local no qual tanto a Ucrânia quan­to a Rússia investiram enormes esforços, apesar de analistas con­siderá-lo de pouco valor estraté­gico. “No sentido legal, Bakhmut foi tomado. O inimigo está con­centrado nas áreas ocidentais”, disse Yevgeni Prigozhin, líder dos mercenários russos, em seu canal no Telegram.

Em 20 de março, Prigo­zhin disse que o grupo Wag­ner já controlava 70% da ci­dade. No entanto, horas antes do anúncio de Prigozhin, o Estado-Maior das Forças Ar­madas da Ucrânia postou, no Facebook, que “o inimigo não parou seu ataque a Bakhmut”. Na noite de domingo (2), o presidente Volodymyr Ze­lensky elogiou a atual defesa das tropas ucranianas na ci­dade, a maior parte em ruínas.

“Sou grato aos nossos guer­reiros que estão lutando per­to de Avdiivka, Marinka, de Bakhmut (…) Especialmente em Bakhmut! Hoje está especial­mente quente lá”, disse Zelensky em um post no Telegram. Tam­bém no domingo, a cerca de 27 quilômetros de Bakhmut, em Konstantinovka, bombardeios russos deixaram seis mortos – três homens e três mulheres – e onze feridos, anunciaram auto­ridades ucranianas.

A polícia afirmou que a Rússia realizou um “ataque ma­ciço” pela manhã, envolvendo um total de seis mísseis S-300 e Hurricane. “Dezesseis prédios de apartamentos, oito residên­cias particulares, um jardim de infância, um prédio administra­tivo, três carros e um gasoduto” foram afetados, acrescentou.

A Rússia “continua a con­centrar a maior parte de seus esforços em ações ofensivas nos setores de Lyman, Bakhmut Av­diivka e Marinka”, informou o Estado-Maior do Exército ucra­niano, assegurando que “nume­rosos ataques inimigos contra Bakhmut” foram repelidos.

Kiev garantiu que sua estra­tégia na defesa de Bakhmut é, acima de tudo, “ganhar tempo”, acumular reservas e poder lançar uma contraofensiva em breve. As autoridades ucranianas também alertaram que, se a cidade cair, as forças russas terão uma rota melhor para a região oriental de Donetsk, que o Kremlin anexou no ano passado.

A batalha por Bakhmut
Nas últimas semanas, os russos vêm ganhando terreno em torno de Bakhmut para ten­tar cercá-la. A captura da cida­de daria a Moscou uma vitória militar, depois de meses de der­rotas no terreno. O destino des­ta cidade do leste da Ucrânia re­corda o do porto de Mariupol, no sul, destruído por meses de combates terríveis até sua que­da para os russos no primeiro semestre de 2022.

Bakhmut, uma pequena cidade industrial do leste da Ucrânia, está destruída após oito meses de combates. Cha­mada de “inferno na Terra” pelos soldados ucranianos, a localidade está “praticamen­te cercada”, segundo o grupo Wagner. A Organização do Tra­tado do Atlântico Norte (Otan) alertou na semana passada que Bakhmut pode cair em breve, e o presidente Zelensky prome­teu que a defesa da cidade con­tinuaria “o máximo possível”.

Impactos da invasão russa
De acordo com um relató­rio do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Esto­colmo (SIPRI) publicado nesta segunda-feira, a invasão russa da Ucrânia e o fornecimento maciço de equipamentos para Kiev quase dobraram as im­portações de armas para a Eu­ropa em 2022.

“A invasão realmente cau­sou um aumento significativo na demanda por armas na Eu­ropa, que ainda não mostrou todo o seu potencial e provavel­mente levará a novos aumentos nas importações”, disse à Agên­cia France-Presse (AFP) Pieter Wezeman, coautor deste rela­tório anual. Desde o início da invasão, mais de 4.500 jovens ucranianos que estavam em orfanatos ou famílias adotivas “foram deslocados para o exte­rior”, segundo a ONG.

O ataque russo também trouxe consequências “devas­tadoras” para crianças em orfa­natos ucranianos, com milhares delas sendo transferidas para territórios ocupados ou para a Rússia, alertou a ONG Human Rights Watch (HRW) nesta segunda. “Esta guerra brutal mostrou claramente a necessi­dade de acabar com os perigos enfrentados pelas crianças que foram levadas para essas insti­tuições”, disse Bill Van Esveld, funcionário desta organização.

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