Tribuna Ribeirão
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Mensurando Psicologia (27): o valor cognitivo do jogo de xadrez  

José Aparecido Da Silva* 

 

O xadrez produz benefícios para a competência cognitiva? Será que melhora, realmente, nossa capacidade para enfrentar e solucionar problemas, bem como, promove o ajustamento pessoal, social e acadêmico das crianças e adolescentes? Há, atualmente, muitos estudos e experiências tanto no domínio educacional quanto no esportivo que têm investigado o enriquecimento intelectual e socioemocional das crianças em fase escolar. A relação entre processos mentais usados pelos enxadristas e processos mentais desempenhados por um cientista em busca de solução para um problema é muito similar. Supõe-se que o método científico é similar ao esquema usado pelo enxadrista para analisar a posição e o movimento do adversário: análise e pesquisa, cálculo, avaliação, seleção e decisão. Ademais, processos intelectuais, tais como, atenção, memória, concentração, criatividade e raciocínio, entre outros, são estimulados e fomentados na prática do xadrez. Isto porque jogar xadrez requer pensamento rigoroso, o qual deve combinado com grande habilidade mental para ser efetiva. 

Neste contexto, pesquisadores espanhóis examinaram os benefícios de jogar xadrez regularmente sobre o enriquecimento intelectual, social e emocional de um grupo de crianças entre 6 a 16 anos de idade. Baseados num delineamento quase experimental, no qual a variável independente foi a atividade extracurricular de jogar xadrez versus atividades extracurriculares envolvendo futebol ou basquetebol. A variável dependente foram as competências intelectual e socioafetiva, as quais foram mensuradas por um teste de QI, por um questionário de autoavaliação e por um questionário preenchido pelo professor ou monitor, aplicados no começo (pré-teste) e no fim (pós-teste) do ano acadêmico. O professor ou monitor tendo que estimar o nível dos estudantes, nos seguintes aspectos: ajustamento pessoal, habilidade de solução de problemas e enfrentamento e ajustamento acadêmico-social, numa escala de categoria numérica de cinco pontuações, na qual 1 expressava insatisfação consigo e sobre sua realidade e 5 expressava autossatisfação e satisfação com sua realidade. 

Em contraste com o grupo de comparação, foi obtido que o xadrez melhora as habilidades cognitivas e a capacidade de solucionar problemas e enfrentamento, e até mesmo o desenvolvimento socioafetivo das crianças que o praticaram. Os resultados são modulados, particularmente, na área socioafetiva, pelo perfil pessoal dos estudantes que escolheram praticar essa atividade. Esse padrão de resultados indica que o xadrez parece ser uma ferramenta educacional valiosa. Após um ano de prática regular dessa atividade, os estudantes melhoraram seu desempenho em testes que requerem habilidades cognitivas de atenção e resistência à distração, organização perceptiva, velocidade de processamento, planejamento, previsão e tomada de decisão. 

 

Professor Visitante da UnB-DF 

  

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