Tribuna Ribeirão
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Médica do soro tem atividade suspensa

REDE SOCIAL/REPRODUÇÃO

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cre­mesp) suspendeu tempora­riamente a médica Isabella Resende Abdalla, investigada após relacionar um soro de imunidade que aplicava em pacientes em Ribeirão Preto ao novo coronavírus, do exer­cício da atividade profissional. A defesa entrou com mandado de segurança nesta terça-feira, 14 de abril, por entender que a decisão é ilegal.

O Ministério Público Esta­dual (MPE), por meio do pro­motor de Justiça Ramon Lopes Neto, já havia fechado um Ter­mo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a médica, que usou o Instagram para divulgar um “soro da imunidade”, vendido em seu consultório como solu­ção contra o novo coronavírus.

Pelos termos do TAC, a profissional da saúde se com­prometeu a deixar de anunciar e vender qualquer produto que não tenha comprovação cien­tífica ou desrespeite o estabele­cido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou pelos Conselhos Federal e Regional de Medicina.

O acordo com o MPSP es­tabelece ainda que Isabella de­verá pagar, em razão dos víde­os veiculados em rede social, a quantia de R$ 18 mil, dividida em quatro parcelas mensais, iguais e sucessivas. O primeiro pagamento deve ocorrer até o próximo dia 5 de maio, sendo os recursos direcionados ao Fundo Municipal de Defesa dos Direi­tos Humanos de Ribeirão Preto.

Caso descumpra o TAC, a médica pagará multa de R$ 18 mil por cada anúncio realizado, além de R$ 3 mil para cada ven­da de produto ou serviço. Nas redes sociais, Isabella aparecia afirmando que o “soro da imu­nidade” era composto de “alta dose de vitamina C, outras vita­minas e antioxidantes”.

Porém, não existe qualquer estudo que indique que o co­quetel oferecido por ela tenha efeito de proteger contra o co­ronavírus. A resolução 1.974 do Conselho Federal de Medicina proíbe médicos de “fazer propa­ganda de método ou técnica não aceito pela comunidade científi­ca” ao anunciar o soro da imu­nidade, composto de vitaminas e produtos antioxidantes.

Após a enorme repercus­são da mensagem sobre o “soro da imunidade”, a médica bloqueou suas redes sociais, o que não impediu a Promotoria de instaurar inquérito sobre o assunto. O caso ganhou reper­cussão a partir de vídeos gra­vados pela médica, em que ela mostrava gestantes recebendo o soro de imunidade.

O Cremesp iniciou uma investigação contra a médica em 16 de abril. Na notificação da interdição cautelar, o Cre­mesp afirma que a decisão, to­mada em plenária no dia 2 de abril, é preventiva para evitar prejuízos à população. A noti­ficação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) na se­gunda-feira (13).

A defesa diz que a decisão é ilegal e desproporcional e diz que a médica jamais prome­teu qualquer tratamento para prevenir ou tratar o coronaví­rus, “mas, sim, divulgou um tratamento para melhora da imunidade”. Também ressalta que não existe qualquer recla­mação ou queixa de pacientes com relação aos tratamentos realizados pela médica.

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