O preço dos materiais escolares deve subir, em média, 13,95% em relação ao preço praticado em dezembro de 2021, de acordo com pesquisa da Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP) – órgão ligado à Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania. Levantamento feito pelo Instituto de Economia Maurílio Biagi da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) aponta ainda que itens como cadernos e agendas devem ter reajustes entre 20% e 30%.
Lápis, borrachas, canetas, mochilas e estojos sofrerão aumentos de 15% a 20%. A recomendação da entidade é pesquisar preços sem esquecer a durabilidade. “O consumidor deve procurar lojas especializadas e levar em consideração a qualidade do material em detrimento do preço, bem como a diversidade de produtos para reduzir o custo final do material”, indica Benedito José Caturelli, diretor da Distrital Centro da Acirp e sócio diretor da papelaria MecToca.
O diretor explica que a indústria de papel e de derivados de petróleo (como plásticos) foram as mais afetadas pela situação internacional, especialmente por causa da alta do dólar e da guerra da Rússia com a Ucrânia, que encareceu o barril de petróleo. A Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE) informa que, além da moeda americana, há ainda a alta dos combustíveis que compromete o custo do frete e o preço final de venda dos produtos.
Já a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) destaca, por sua vez, o peso dos tributos no encarecimento dos materiais escolares – os impostos chegam a equivaler a 44,75% do total pago pelo consumidor final. Segundo indica Benedito José Caturelli, poucas instituições de ensino hoje colocam itens nas listas sem justificar o uso dos produtos, mas os pais precisam estar atentos.
Outro fator que deve ser levado em consideração é a venda direta dos materiais pelas escolas, que pode implicar na chamada venda casada, que é ilegal. “Isso desrespeita as normas de comercialização em relação à Receita Estadual e também Federal, pois os pais se sentem na obrigação em adquiri-los junto às mesmas”. Os dados do Instituto de Economia “Maurílio Biagi”, apontam que Ribeirão Preto possui hoje 318 empresas que vendem itens de papelaria.
Em relação às mensalidades escolares, a expectativa era de reajuste médio entre 10% e 12%, segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), enquanto a inflação acumulada no ano passado foi de 5,79%.
São cerca de dez mil instituições no estado, aproximadamente 300 em Ribeirão Preto. As escolas alegam defasagem nos valores durante a pandemia e alta na inadimplência. Uma pesquisa mostrou que muitas estavam oferecendo descontos em dezembro para manter os alunos.
O Brasil tem cerca de 6,5 milhões de alunos matriculados na educação básica privada em pouco mais de 40 mil escolas. Mais de dois milhões estão somente no Estado de São Paulo. O grupo Rabbit, uma das principais consultorias em gestão educacional do país, estima que as mensalidades da escola particular subiram em média 10,9% em 2022.
O valor é mais que o dobro dos 5% aplicados no ano anterior, ainda sob os efeitos da pandemia de covid-19. Em 2020, auge da pandemia, o reajuste médio ficou em 4%. Em 2019, havia sido de 9%. A inadimplência média em 2022 estava acima de 7,5% – em julho chegou a 8,36% –, o que também pesa na composição da planilha de custos.
Uma pesquisa realizada pelo Rabbit mostra que mais de 80% das escolas ofereceram ou pretendem oferecer descontos variados no pagamento da primeira parcela, como forma de amenizar a situação financeira dos pais no início do ano. A pesquisa envolveu 263 escolas de educação infantil, ensino fundamental e médio de vários Estados brasileiros, incluindo São Paulo, e constatou que a maioria já definiu os reajustes.