A Comissão Especial de Estudos (CEE) da Câmara de Vereadores que acompanha a situação da Mata de Santa Tereza quer saber como está o projeto de recuperação da Estação Reserva Ecológica de Ribeirão Preto, que tem 154 hectares, dos quais 98 foram atingidos por um incêndio nos meses de agosto e setembro de 2014. No total, a área verde conta com 181 hectares – o equivalente a mais de 200 campos de futebol –, mas 27 são propriedades particulares. Abriga 174 espécies vegetais nativas, 126 diferentes espécies de aves (a jacu está ameaçada da de extinção) e nove espécies de mamíferos (o lobo-guará corre risco de extinção).
É um dos derradeiros refúgios de onças-pardas e suçuaranas, animais que no passado habitavam as matas da região. Nesta semana, o presidente da CEE, Bertinho Scandiuzzi (PSDB), protocolou junto à diretoria da Estação Ecológica de Ribeirão Preto, responsável pela Mata de Santa Teresa, ofício convidando os responsáveis para comparecerem a Câmara e prestarem esclarecimentos sobre o que está sendo feito sobre o assunto. A data e horário da oitiva ainda não foram definidos.
A CEE da Mata de Santa Teresa foi constituída em 2014 para acompanhar a execução do projeto de recuperação. Entretanto, por causa da impossibilidade de concluir os trabalhos naquela legislatura, já que o cronograma ainda não havia sido definido pelo governo do Estado de São Paulo, foi reinstalada em 2017.
Segundo o parlamentar, a convocação dos responsáveis pelo projeto foi necessária porque, segundo o tucano, dois pedidos de informação já foram solicitados pela CEE e não tiveram respostas satisfatórias. “Precisamos saber de forma oficial o que está sendo feito e qual o prazo para a recuperação desta importante reserva ecológica. A mata é ‘nosso pulmão’ e tem grande importância ambiental. Infelizmente, sua recuperação até o momento não saiu do papel”, afirma o vereador.
Entre os itens que serão questionados está o que diz respeito ao andamento da parceria com as duas empresas que farão a recuperação da área atingida pelo incêndio: a Companhia Paulista dos Trens Metropolitanos (CPTM) e a Sanen Engenharia. A CPTM será responsável pela recuperação de 41 hectares da reserva, através de compensação ambiental e fará, inclusive, a licitação para contratar a empresa que executará o projeto. Já a Sanen Engenharia fará o restante da recuperação. Segundo informações obtidas pelo Tribuna, já teria iniciado os trabalhos técnicos no local.
Nas duas parcerias, as áreas a serem recuperadas serão concedidas pela Fundação Florestal do Estado, através do projeto “Nascentes”. A restauração prevê uma série de ações, como o manejo de trepadeiras, o controle de trepadeiras e cipós que prejudicam o crescimento das espécies nativas e o plantio de peroba, jequitibá, paineiras e jatobás. Transformada em área de preservação há 60 anos, a Estação Ecológica de Ribeirão Preto conserva espécies originais da Mata Atlântica. Atualmente, por decisão judicial, a reserva possui e equipe de brigada para o combate de eventuais focos de incêndio.
Não foi constatada a morte de animais durante o incêndio, mas o banco genético sofreu perdas. A estação ecológica, criada pelo então governador Jânio Quadros em 4 de julho de 1957, completou 60 anos em 2017. Não há, porém, o que comemorar após o grande incêndio que devastou em 2014 mais da metade de reserva – 98 hectares foram destruídos pelo fogo que começou na noite de 31 de agosto daquele ano e só controlado quatro dias depois. Na época a Polícia Ambiental divulgou que velas acesas em um ritual religioso na chamada zona de amortecimento (vegetação do entorno) deram início às chamas.