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Maringá, a cidade e a canção

Na época em que acontecia o desbravamento do país, bati­zavam-se os rios e em suas margens erguia-se um povoado, que acabava ganhando o mesmo nome. Isso aconteceu em aqui em Ribeirão Preto e na grande maioria das cidades brasileiras.

Vendo fotos da belíssima Maringá, cidade paranaense conhecida como “Cidade Canção”, lembrei-me de que nem sei quantas vezes cantei essa composição de Joubert de Carvalho, sem me atentar para sua possível história, Então, comecei a matutar a letra desta música. Como é que pode esta músi­ca, cuja letra retrata a seca nordestina e o sofrimento de seu povo, ter sido feita para uma cidade paranaense onde tudo é o oposto do que está escrito?

Fui fundo e passo aqui para quem tem o hábito de me acom­panhar um resumo dos causos. Em 1931, o maravilhoso compo­sitor Joubert de Carvalho foi procurado pelo amigo Rui Carnei­ro, que era oficial de gabinete do então ministro da Marinha, José Américo. Ele pediu para que fizesse uma música que retratasse a o sofrimento do povo onde viveu e teve que se mandar por causa da seca descomunal. Dizia ser mais um retirante.

Joubert pediu mais detalhes e Rui contou que, na pequena cidade de Pombal, sertão da Paraíba, o povo vivia dos pés de ingá, os chamados ingazeiros. Numa de suas ruas morava com os pais Maria do Ingá, uma caboclinha de cor morena. Sua pele queimada do Sol fascinava a todos, olhos e cabelos negros, corpo bem feito, enfim, era dona de uma beleza que inspirava ardentes paixões.

Para Joubert de Carvalho, este farto material foi mamão com mel, ele viajou na paixão do amigo e compôs esta maravilha, fazendo a junção de Maria do Ingá, resultando em Maringá que, cá entre nós, ficou até mais musical. A Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que era ouvida no Brasil inteiro, fez sua parte e a música estourou nacionalmente.

Por volta de 1940, o norte do Paraná começava a ser povo­ado e a Companhia de Melhoramentos Norte do Paraná tinha como chefe de escritório o senhor Raul da Silva, comandante de muitos mateiros. Com seus machados e facões nas mãos, iam desbravando e colocando nomes nos rios. Eram tantos rios que faltavam sugestões, e chegaram a colocar até nome do cigarro “Fulgor” num deles. Já tinham nomeado o Rio Astorga, em cuja cidade nasceram Chitãozinho e Xororó, Tibagi, Marialva, Man­daguari e muitos mais.

Entre os mateiros, conta-se que um deles, embalando o filho numa rede, cantarolava a canção “Maringá, Maringá”. Esta mú­sica também era a preferida do chefe Raul da Silva e sua esposa. Ao chegarem às margens de um rio que ainda não tinha nome, Raul da Silva tascou ali uma placa com o nome Maringá, hoje a belíssima cidade paranaense.

Aqui vai a letra de “Maringá, Maringá”: “Foi numa leva que cabocla Maringá, ficou sendo a retirante que mais dava o que falar, e junto dela veio alguém que suplicou, pra que nun­ca se esquecesse do caboclo que ficou… Maringá, Maringá, depois que tu partiste, tudo aqui ficou tão triste, que eu garrei a imaginar… Maringá, Maringá, pra ter felicidade é preciso que a saudade vá bater noutro lugar, Maringá, Maringá, volte aqui pro meu sertão, pra de novo o coração de um caboclo assossegar… Antigamente uma alegria sem igual, dominava aquela gente da cidade de Pombal, pois veio a seca toda chuva foi embora, só restando então as mágoas de um caboclo quan­do chora… Maringá…”

A música brasileira e suas histórias.

Sexta conto mais.

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