O Instituto Figueiredo Ferraz abrirá neste sábado, 15 de junho, a exposição “Real”, da artista e fotógrafa Marina Saleme. A mostra ficará em cartaz até 20 de julho. Às 17h30, ela vai bater um papo com o público no auditório do IFF. A cerimônia de abertura será das 16 horas até as 19h30. A visitação acontece de terça-feira a sábado, das 14 às 18 horas. O espaço fica na rua Maestro Ignácio Stábile nº 200, no Alto da Boa Vista, Zona Sul. Mais informações pelo telefone (16) 3623- 2261 ou no site www.iff.art.br.
Questões que versam sobre a dúvida em relação à figura e a sua real posição no mundo, a vulnerabilidade da existência, presença e principalmente ausência de todas as coisas frente ao tempo e espaço são uma constante no trabalho de Marina Saleme. Ela se formou em Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) em 1982 e deu aula de pintura e seus processos criativos durante dez anos no Instituto Tomie Ohtake. A artista trabalha desde então predominantemente com pintura, desenho e fotografia.
Seu processo é lento e reflexivo: suas pinturas são feitas em camadas, assim como seus desenhos e fotos, que não envolvem processos imediatos. Marina Saleme trabalha com a criação, com o apagamento e com o resgate – o ato de apagar, em sua obra, está relacionado com a impermanência das coisas ou mesmo das verdades. A artista trabalha formalmente e poeticamente questões sobre o visível e o invisível e a alternância entre eles: o real e o irreal também são temas presentes em seu trabalho, assim como os efeitos dos diversos pontos de vista a respeito da verdade.
Em alguns de seus trabalhos, pessoas e paisagens pairam sob um imenso céu, que, por sua imensidão, infinitude e mistério, submete-nos metaforicamente ao incontrolável da condição humana. Trata-se de lugares onde jorram graças e desgraças (que no trabalho da artista tomam forma de linhas, gotas, feridas, arabescos) e para onde alguns endereçam suas preces.
Na série de fotos “Real”, a realidade é questionada por meio de uma mesma imagem que sofre pequenas intervenções e que se desmente a cada vez, alternando radicalmente a perspectiva da exposição dos elementos. Suas fotos normalmente são trabalhadas em série e as imagens vão se desdobrando – acrescentando ou discutindo o sentido das outras.
Marina Saleme trabalha a pintura como linguagem (ferramenta para a construção de lugares em que as coisas possam estar) ou não, finalmente. Destacam-se as exposições individuais e coletivas em vários museus e instituições – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), Paço Imperial (Rio de Janeiro), Paço das Artes (São Paulo), Centro Universitário Maria Antônia (São Paulo), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), Palácio das Artes (Belo Horizonte), Musée D’Art Contemporain de Baie- Saint-Paul (Québec, Canadá), Embaixada do Brasil na França (Paris), entre outras.
A pintura retém todos os pensamentos em seu interior, onde tudo é construído – até mesmo as imagens apagadas. Quanto a esse aspecto, vale relembrar as palavras de Francis Alÿs: “Cada avanço guarda a dívida com o que precede”. Suas obras estão em coleções públicas e particulares de destaque, como o MAM-RJ, Coleção Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto), Instituto Cultural Itaú (São Paulo), MAM-SP, Pinacoteca do Estado de São Paulo e Fundação Padre Anchieta / Metrópolis (São Paulo).