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MARIA-FUMAÇA – ‘Amália’ está de volta à cidade

FOTO: ALFREDO RISK

A maria-fumaça “Amália”, a locomotiva alemã Borsig retira­da da praça Francisco Schmidt, na avenida Jerônimo Gonçalves, na divisa do Centro Velho com a Vila Tibério, Zona Oeste, em 18 de julho de 2020, retornou a Ribeirão Preto na manhã desta quinta, 15 de junho, em uma operação que envolveu duas car­retas com trilhos e escavadeiras.

Os trabalhadores respon­sáveis pelo transporte abriram um buraco na entrada do re­cinto para a carreta estacionar e ficar no mesmo nível do abri­go. Depois, fizeram a junção e a maria-fumaça, puxada por cabos de aço, deslizou sobre os trilhos até a miniestação cons­truída no Parque Maurílio Bia­gi, uma operação que exigiu esforço e muita atenção.

A prefeitura limitou o tra­balho dos fotógrafos dentro do recinto. A apresentação ao pú­blico, com discurso do prefeito Duarte Nogueira (PSDB) e a participação do secretário mu­nicipal da Cultura e Turismo, Pedro Leão, será no aniversário de 167 anos da cidade, celebrado na segunda-feira (19).

A máquina foi restaurada no ano passado e aguardava a conclusão do novo abrigo para retornar a Ribeirão Pre­to. A estrutura começou a ser montada em 15 de fevereiro, no Parque Maurílio Biagi, na região Central. A edificação remete a uma miniestação ferroviária, com espaço para visitação da população.

O novo espaço é cercado, mas a população poderá acessar a “estação” para ver a locomotiva com visitas monitoradas e expli­cações sobre a história de “Amá­lia”, a chegada e sua evolução na cidade e região, bem como a importância que o café teve para o município. O local tem segu­rança contra atos de vandalismo.

Conta ainda com projeto luminotécnico moderno e que destaca a importância do bem histórico. O valor do recinto previsto no edital de licitação era de até R$ 523.854,13. Em uma segunda etapa (com al­guns ajustes mecânicos) será possível que a locomotiva volte a funcionar para criar um pas­seio de trem no futuro, seguin­do um roteiro turístico partin­do de Ribeirão Preto.

A miniestação vai home­nagear Luiz Henrique Pascho­alin, ex-diretor administrativo financeiro da Secretaria da Cultura e Turismo de Ribeirão Preto e ex-diretor artístico do Theatro Pedro II. Ele morreu em 16 de janeiro de 2021, aos 58 anos, vítima de complica­ções da covid-19.

Além da atuação na cultura de Ribeirão Preto, Paschoalin foi candidato a vereador nas elei­ções municipais de 2020, pelo Podemos, mas não se elegeu. O decreto do Executivo que de­nomina o espaço foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM) de segunda-feira, 12 de junho, por meio de indicação ao prefeito Duarte Nogueira (PSDB) feita pelo vereador Ales­sandro Maraca (MDB).

O nome
A locomotiva – batizada de “Amália” por causa da usina a que pertencia antes de ser doada ao município, o nome está gra­vado nas laterais do equipamen­to – ficará no parque por ser um lugar público, mas livre de de­predação e vandalismo, além de oferecer segurança aos visitantes e ser de fácil acesso.

Furtos
Na praça Francisco Schmi­dt, na área da “cracolândia”, a maria-fumaça acumulava lixo e tinha virado abrigo para ra­tos, além de ser alvo de furtos de peças de cobre, ferro e aço nos últimos 48 anos. A partir dos trilhos principalmente da Companhia Mogiana de Es­tradas de Ferro, foi possível transportar mais rapidamente o café produzido na região na segunda metade do século 19.

Barões
Com isso, ela contribuiu para o enriquecimento e a fama de barões do café como Henri­que Dumont (1832-1892), pai do aviador Alberto Santos Du­mont (1873-1932), e Francisco Schmidt (1850-1924), que dá nome à praça em que a locomo­tiva alemã Borsig fabricada em 1912 estava exposta desde 1973.

Conppac
A maria-fumaça “Amália” é tombada pelo Conselho de Pre­servação do Patrimônio Cultu­ral de Ribeirão Preto (Conppac). Os trabalhos de restauração da locomotiva foram realizados pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), em Campinas. A Secretaria Mu­nicipal de Cultura e Turismo in­vestiu R$ 749 mil na restauração.

Todos os componentes fo­ram restaurados ou substituídos, quando não foi possível a recu­peração. O trabalho foi acompa­nhado por um profissional espe­cializado em patrimônio cultural e ferroviário. A locomotiva Phan­tom, popularmente conhecida como maria-fumaça, pertencia à Usina Amália e em 1912 foi doada para Ribeirão Preto pelas Indústrias Matarazzo.

Borsig
O modelo é uma das três remanescentes do fabricante alemão Borsig no Brasil. As outras duas estão em Itapeti­ninga e Jaguariúna. Abando­nada, a ribeirão-pretana serviu durante muito tempo como dormitório de pessoas em situ­ação de rua e também de abri­go para usuários de drogas.

Ribeirão Preto tem outra maria-fumaça, a “Mogiana”, instalada na antiga Estação Ferroviária Mogiana, na Zona Norte. A Câmara pediu e o Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribei­rão Preto aprovou seu tomba­mento. Duas entidades querem usar as duas locomotivas para projetos de “trem turístico”.

A locomotiva “Amália” e os quatro metros de trilho que a sustentavam são os últimos resquícios da Estação Ribeirão Preto na Vila Tibério, que fun­cionou a partir de 1885 e foi demolida em 1968. Naquele trecho existiu no passado a gare (plataforma) de embarque e de­sembarque por onde milhares de imigrantes passaram para trabalhar nas lavouras de café.

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