Tribuna Ribeirão
Justiça

Maluco beleza – Bolsonaro diz que fez post ‘drogado’

O ex-presidente Jair Bolso­naro (PL) prestou depoimen­to à Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira, 26 de abril, confor­me determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na in­vestigação dos atos golpistas do dia 8 de janeiro. De acordo com a defesa do suspeito, a postagem feita por ele com mentiras sobre o sistema eleitoral foi “acidental”.

O post levantou suspeitas do envolvimento do ex-presidente com os atos golpistas que resul­taram na invasão e na destruição das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Advogado de defesa de Bolsonaro, Fábio Wajngarten disse que o ex-presidente res­pondeu a todas as perguntas fei­tas no depoimento de ontem, e que teria, inclusive, repudiado os ataques do dia 8 de janeiro.

“As eleições de 2022 são pá­gina virada para ele, que conde­na os atos em Brasília”. O ex-pre­sidente disse à PF que estava sob efeito de medicamentos quando fez a postagem. Bolsonaro esta­ria se recuperando de um “tra­tamento com morfina”. A pu­blicação de fake news em uma rede social pelo ex-presidente foi acidental, após o suspeito tentar salvar o vídeo contendo informações falsas com críticas ao sistema eleitoral brasileiro e com questionamentos sobre o resultado das eleições.

Na avaliação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a referida postagem pode indi­car ligação entre Bolsonaro e os atos golpistas, motivo pelo qual foi determinado à PF que o interrogasse. O depoimento durou três horas. Perguntados sobre o caso das joias e dos pre­sentes dados ao ex-presidente pelo governo da Arábia Sau­dita – e guardados na casa do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet – os advogados negaram qualquer irregularidade.

Com relação aos kits de joias, a defesa disse que, nem Bolsona­ro, nem a esposa, Michele, sa­biam de sua existência. “Eles só souberam disso 14 meses depois [da entrada dos kits no país]”, afirmou o advogado Fábio Wa­jngarten no momento em que Bolsonaro já deixava o prédio da PF. As provas do inquérito mos­tram outra realidade.

“O acervo se encontra tem­porariamente armazenado na fazenda do Nelson Piquet por­que o presidente não tinha [na época] nem casa. Depois, ele [o kit com joias] seria remetido a outro lugar, para armazenamen­to adequado”, acrescentou. Ain­da segundo o advogado de defe­sa, o pedido – para que as joias apreendidas pela Receita fossem entregues a representantes do governo – foi feito “uma única vez ao ajudante de ordens, a fim de evitar um vexame interna­cional, de um presente dado ao presidente do Brasil ir a leilão”, disse Wajngarten.

Ele acrescentou não ver mo­tivos para a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro ser intimada pelos investigadores. Segundo o outro advogado de defesa de Bolsonaro, Daniel Tesser, os kits com as joias foram recebidos pela comitiva brasileira em ou­tubro de 2022. O conjunto apre­endido foi o feminino, contendo um colar, um par de brincos, um anel, um relógio de pulso e um pedestal no formato de um cavalo. “Até então não se sabia o que havia ali”, disse Tesser.

O kit feminino estava na mochila do então chefe do es­critório de representação do Ministério de Minas e Energia (MME) no Rio de Janeiro, o militar Marcos André Soeiro. Já o masculino (e outros pre­sentes) estava na mala de mão do ex-ministro do MME Bento Albuquerque, e foi liberado.

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