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Maltratar a educação básica é projeto de governo

Nos últimos anos, Ribeirão Preto, através da Secretaria Municipal de Educação, tem mostrado a sua ineficiência, dando um péssimo exemplo, de como não se deve cuidar da educação básica em um município, e esse péssimo exemplo é dado por uma das cidades mais ricas do País. Num inter­valo de pouco mais de dois anos já tivemos três secretários e, para piorar, o secretário da vez não conhece nada de educa­ção básica, mas contam com a expertise, e o dom de iludir acompanhado dos sofismas e escamoteações, que maltratam a educação municipal esperando soluções mágicas para os problemas.

Mesmo com a educação municipal chegando ao fundo do poço, os impropérios continuam a todo o vapor. A gestões das unidades escolares dão de ombros para a gestão democrá­tica garantida na Constituição, LDBEN, e no Plano Nacional de Educação,isso acontece porque a bota do coronel está incrustada permanentemente no âmago da administração da Secretaria Municipal de Educação.

Falta de vagas nas creches, faltam de professores, escolas sendo interditadas pela justiça, criança que perde o dedo no interior de uma escola de educação infantil, e o fata mais lastimável – a morte de um educando dentro de uma escola do ensino fundamental, e o pior de tudo foi ver a secretária da educação, e sua equipe tirar o corpo fora, se eximindo das suas responsabilidades, jogando a culpa na gestão da escola e no corpo docente. Simplesmente lavaram as mãos.

Por incompetência administrativa da Secretaria da Educa­ção, mas de cinco mil aulas não foram atribuídas por falta de professores, uma situação escandalosa, mas o pior estava para vir. Em uma reunião na Secretaria da Educação para tratar da reposição dos dias de greve, assunto que diz respeito a auto­nomia das escolas, e que tem que ser debatida, e deliberada no Conselho de Escola, com a participação todos, principal­mente pais e comunidade local.

No entanto o secretário propôs que o Conselho de Escola, além de resolver a questão da reposição por conta da greve, também teria que encaixar no calendário do segundo semes­tre, a reposição dos dias correspondentes as mais de cinco mil aulas que não foram dadas. Parafraseando o grande Tom Jobim: “É o fim da picada, é a garrafa de cana…”.

Nada acontece por acaso: o secretário e a sua assessoria tiraram de algum lugar essa ideia mirabolante. As gestões das escolas municipais sempre estiveram incrustadas nas botas do coronel, e neste diapasão o que menos interessa são os in­teresses dos educandos, o confinamento cruel que secretaria e docentes impõem as nossas crianças, que não têm o direito de expressar a sua indignidade. Ficar um período confinado numa sala de aula já é uma crueldade, e para completar essa ignomínia uma escola de ensino fundamental fez um piloto, deixando as crianças confinadas das 7 horas até às 16h30. Com um intervalo de meia hora para o almoço, para, segun­do a gestão repor as aulas que não foram dadas – as obtusida­des não acontecem por osmose.

Diante deste quadro dantesco, os Conselhos de Escola dentro das suas atribuições têm por obrigação defender os interesses dos educandos, e uma educação de qualidade, não foram os Conselhos Escolares que criaram essa situação, pois não compete a eles a contratação de professores. Querer que se as aulas não dadas sejam repostas para que o calendário de duzentos dias seja cumprido é um acinte. Repor o conteúdo, mesmo que de forma acelerada é um caminho, mas repor os dias letivos é problema de quem criou a situação.
“Quem comprou carvão molhado, que abane a churrasqueira”.

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