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Mais de 100 botos morreram no AM 

Desde que a seca passou a atingir o Amazonas, 110 animais, entre botos e tucuxis, já morreram na região de Tefé, no Médio Solimões, no Amazonas (Miguel Monteiro/Instituto Mamirauá )

Desde que a seca passou a atingir o Amazonas, 110 animais, entre botos e tucuxis, já morreram na região de Tefé, no Médio Solimões, no Amazonas. Isso corresponde a cerca de 5% da população dessas espécies, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

A causa da morte desses animais ainda é desconhecida, mas os pesquisadores acreditam que a mortandade está ligada às altas temperaturas das águas. A ação emergencial de acompanhamento e possível retirada dos botos do Lago Tefé, no Amazonas, encontrou duas carcaças desses animais, informou nesta segunda-feira, 2 de outubro, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

A Amazônia sofre com seca extrema, que tem baixado o nível dos rios e dificultado o abastecimento e o transporte na região. A estiagem deste ano é agravada pelo El Niño. O fenômeno climático se caracteriza pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico na região do Equador. Isso causa a interrupção dos padrões de circulação das correntes marítimas e massas de ar, o que leva a consequências distintas ao redor do mundo.

“A minha impressão é que tem algo na água, obviamente, relacionado à situação de seca extrema, baixa profundidade dos rios e, consequentemente, ao aquecimento das águas. A média histórica da temperatura da água no Lago do Tefé é de 32 graus e, na quinta-feira, nós aferimos 40ºC até três metros de profundidade”, diz Miriam Marmontel, pesquisadora do Mamirauá.

Equipes de apoio e resgate de cetáceos vivos chegaram a Tefé no fim de semana. Um barco com piscina está recebendo os animais resgatados com vida. Eles devem ser mantidos nela até que o resultado da análise dos estudos seja concluído.

“Se for um agente infeccioso, seria muito arriscado liberar os animais para o rio Solimões, pois terminaria infectando o resto da população. Aparentemente, é um evento isolado no Lago Tefé, e não há registro de algo semelhante acontecendo nas cidades do entorno”, afirma a pesquisadora.

Especialista em mamíferos aquáticos, Miriam diz que a população de botos e tucuxis no Lago Tefé é estimada em 900 e 500 indivíduos, respectivamente. Ela pesquisa os animais da Amazônia há 30 anos. “Estamos enfrentando um evento de mortalidade incomum de botos amazônicos no Lago Tefé – uma situação muito preocupante e grave”, diz.

“Entre sábado, 24 de setembro, e esta segunda-feira, perdemos 110 animais entre botos-vermelhos e tucuxi de setembros”, afirma.  O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do Ministério do Meio Ambiente, informou no sábado (30) que vai apurar as causas das mortes de botos.

“Protocolos sanitários foram adotados para a destinação das carcaças. O ICMBio segue reforçando as ações para identificar as causas e, com isso, adotar medidas para proteger as espécies”, informou o ICMBio. Ao todo, 18 municípios do Amazonas já estão em situação de emergência. Outros 37 estão em “alerta” e mais cinco declararam situação de atenção, conforme a Defesa Civil do Estado.

O diretor do Instituto Mamirauá, João Valsecchi, diz que a seca também tem causado transtornos para a população, como dificuldade de mobilidade, restrição de acesso a muitas áreas, e o aumento do custo de vida, além de suspensão de aulas.

 

 

 

 

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