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Mãe, um ser especial

No meu lar doce lar, as datas significativas fazem um estrago sem limites em meu peito e no de minha esposa. Mês de maio, então, nem se fala. Em casa temos três datas comemorativas: dia 3 aniversário da Sônia, segundo domingo, Dia das Mães, e dia 18, nosso aniversário de casamento – neste 2018 vamos completar 48 anos juntos.

Nossos filhos, nestas datas, estavam aqui e nosso lar esbanjava alegria… Eles estavam aqui, tudo era motivo para festa… Eles estavam aqui, mas hoje não estão mais. Já são 13 anos sem nosso amado Lucas Bueno e o primeiro sem o não menos amado Paulo Bueno. O amor de mãe, na minha opinião, é totalmente diferente do amor de um pai.

Eu observava a relação de minha esposa com nossos meninos, poucos filhos foram amados tanto por uma mãe como minha esposa amou e ama nossos filhos. Nos últimos oito anos, Paulo trabalhava no Centro, perto de onde moro, e todos os dias vinha guardar o carro na nossa garagem. Depois seguia a pé para o trabalho.

Da janela de nosso apartamento, a mãe o seguia com os olhos, até virar a última esquina. No trajeto, por várias vezes ele parava, olhava pra trás, levantava o braço e lhe acenava pra ter a certeza de que ela ainda o enxergava. Era tão pouco, mas, para ela significava muito, era o que bastava para que se sentisse realizada como mãe carinhosa.

Eu, do meu canto, achava graça, sequer imaginava que cada aceno até poderia ser uma despedida. Hoje vejo que era… Estes simples momentos foram únicos, hoje sei o quanto, pois às vezes, da mesma janela, deleito meu olhar e velhas imagens me visitam.

Mas, assim está escrito e temos que seguir em frente, cumprindo o que nos resta da missão que Deus nos confiou. Vamos juntando os cacos, seguimos tentando montar este quebra-cabeça que é a vida, mas que só descobriremos quando nosso Pai maior nos chamar para sentarmos a seu lado.

Sobre o Dia das Mães, me veio a lembrança uma música que compus com meu saudoso parceiro Sócrates, a partir de uma reportagem do “Jornal Hoje” da nossa EPTV, dando conta que na grande Belo Horizonte, num asilo, uma senhora, sempre aos domingos, se enfeitava toda, esperando pela visita de seu filho que não aparecia. Mesmo assim, essa mãe estava ali, alimentando aquele fiozinho de esperança de que ele naquele domingo viria.

Fiz a melodia e contei a história pro Magrão que viajou na criatividade. Numa noite no Empório Brasília II, na nossa mesa também estava o saudoso cantor Beto Godoy, que deu palpite na letra completando uma frase e ali tornou-se nosso parceiro. Colocamos o nome “Domingo de visita”. Ficou assim:

‘Hoje é dia de visita, o espelho a me contar, que eu estou muito bonita, pra poder te encontrar, meu vestido é de chita, o batom a provocar, nos cabelos uma fita, eu querendo te abraçar.

Mas você, muito engraçado, nunca apareceu aqui, me deixando aqui plantada sem nunca poder sorrir. Dos meus olhos caem flores e quem sabe mil amores, eu pensando em você. Todo dia de visita é assim, eu sentada neste banco por querer, eu sonhando acordada e minha alma incomodada, de vontade de você.

No domingo de visita é assim, eu sentada neste banco sem você, eu sonhando acordada, plenamente abandonada, com saudade de você…’ (Noite de 5 de agosto de 2002 no Empório Brasília II).

Faz muito tempo que estou tentando compor uma música pra minha mãe, ainda não consegui, mas sei que vou, até porque ela tem o nome da mais linda das flores, motivo maior para uma inspiração não existe, muito me orgulho ter como minha mãe uma “Rosa”.
Sexta conto mais.

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