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Machista é a mãe

É recorrente o discurso do machismo. E ele realmente existe. Não se desconhece a luta das mulheres para serem consideradas com respeito análogo ao que se devota ao ma­cho. Elas têm razão.

Agora, um aspecto que deveria ser melhor analisado, até para uma consistente correção de rumos, é o papel da mãe. As mães de filhos varões ajudam a formar uma consciência de superioridade masculina.

Quem não conhece aquela postura materna de antago­nismo com a nora? “Não criei meu filho para ser capacho de mulher!” ou “Sua mulher não o respeita como deveria”. Até o trivial: “Ninguém consegue passar suas camisas e engomar seu colarinho como sua mãe!”.

Não é incomum que mães jovens assimilem essa cultu­ra arcaica. Já ouvi uma grávida dizer: “Meu avô presenteou minha avó com um anel de brilhantes quando ela deu à luz um primogênito”. Isso está ligado à perpetuação do nome de família, que, em regra, era privilégio paterno, até muito recentemente.

Por isso é que o ranço está entranhado na mente feminina, a responsável – quase sempre – pelo treino social da prole. Os meninos são adestrados a “tomar conta de suas irmãs”. Eles podem sair à noite. Eles podem dormir em casa de colegas.

Mães mais rústicas explicam a tese: “meus cabritos estão soltos; os pais das cabritas que tomem conta delas”.

Para prestigiar as mulheres, nada como uma pandemia. Os maridos tiveram de conviver com a realidade doméstica, ouvir os filhos a pedirem coisas todo o tempo. Respeitaram as professoras, que foram obrigadas a preparar aulas para o ensi­no remoto. Viram o quão difícil é tomar conta de uma casa.

Talvez esse período tenha contribuído para gerar uma nova responsabilidade, que fará os homens também se acostumarem com a faina do lar. Dividir as tarefas. Educar os filhos. Trocar fraldas. Dar mamadeira, lavar louça, arrumar cama. Lavar roupa e passar.

Enfim, a labuta dentro de uma casa, tradicionalmente con­fiada à mulher, foi algo que muito marido descobriu durante estes meses de confinamento. Que tenha servido para um aprimoramento no respeito mútuo. E que os filhos das mães machistas passem a considerar a urgência de se tornarem mais feministas, valorizem o sexo oposto. Cada um na sua singularidade, mas juntos para formar aquilo que é essencial: um núcleo amorável, ninho propagador de um convívio soli­dário e harmônico.

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