Lutamos para fugir do sofrimento e mais afundamos nele?
Cleison Scott *
[email protected]
Quando cai num poço de areia movediça, o ser humano, instintivamente se debate. Se conseguisse ficar imóvel demoraria mais para afundar e quiçá dar mais tempo de aparecer alguém para ajudar. Mas, o nosso instinto de sobrevivência nos leva a buscar um ponto de apoio. Ocorre que o único ponto de apoio infalível está sempre à nossa disposição, dentro de nós.
Todos têm objetivos e sonhos. Hoje, devido ao constante e profundo condicionamento do subconsciente coletivo a grande maioria, como massa de manobra, pensa que seus desejos individuais são o grande objetivo da vida, e que podem ser alcançados e mantidos num mundo onde imperam a desigualdade e a injustiça.
O bem e o mal não estão em lugar algum. Nem um nem outro, são propriedades de quem quer que seja. A medida de valor das instituições e das coisas é, nem mais nem menos, é a medida que damos a elas. Somos o bem em essência, mas nossa manifestação física mostra o grau de nossa capacidade de apreender a essência de tudo com o que interagimos. O perfeito entendimento de nossa essência, no entanto, só é possível à luz da espiritualidade ensinada pelos Avatares.
Estes homens conheciam o suficiente sobre as leis que regem o mundo físico, para levar vidas materialmente muito confortáveis, mas, preferiram ‘sacrificar’ as benesses materiais em função de elevados objetivos espirituais. A vida de Buda e de Gandhi, entre muitas, são exemplos de sacrifício consciente de conforto material para alcançar as verdadeiras benesses espirituais. Por isso são chamados de Avatar, palavra sânscrita que significa descido do céu à terra, ou seja, pessoa cujo conhecimento transcende o saber terreno da humanidade. Para nós, ocidentais, o maior de todos os Avatares, sem dúvida, foi Jesus, o Cristo e a Luz ilimitada de seus ensinamentos deve ser usada sem parcimônia. Não o Jesus transformado em dono de carros e chefe de torcidas pelo fanatismo cego, mas o Cristo de amor incondicional.
Se na época em que Cristo passou pela Terra os humanos já conhecessem a qualidade holográfica do universo, Ele teria explicado que seu ensinamento de amar nossos inimigos se baseava no fato científico de que no Universo holográfico não existe inimigo, já que o todo está em mim e eu estou no todo. Em verdade Ele até tentou deixar esse detalhe bem claro quando afirmou: “Acreditem, eu estou no Pai e o Pai está em mim”. Infelizmente, porém, seus ensinamentos, igual ao de todos os Avatares, sofreram distorções por interpretações errôneas, a maioria por ignorância, mas também por interesses escusos. O ex-padre erudito, James Carroll em seu monumental trabalho “A Espada de Constantino”, afirma o seguinte:
“Os relatos das palavras e feitos do falecido Jesus foram mudando à medida que seu movimento cresceu, e assim foi mudando também o entendimento de quem eram seus amigos e inimigos, dependendo da experiência através do tempo de quem eram os amigos e inimigos do movimento”.
Se assim não fosse, seus autodenominados seguidores não teriam promovido uma guerra de mais de 100 anos em Seu nome, e quem sabe assim, não teriam se dividido em miríades de facções como se seus ensinamentos não tivessem a coesão que têm. Meu empenho em evitar entrar no mérito das questões religiosas se deve ao fato de que, hoje em dia, a grande maioria das pessoas pertence a esta ou aquela religião da mesma forma que torce para este ou aquele time de futebol, com muito fanatismo e pouca fé, e este como se sabe sempre nos leva a agir sem ponderação ou racionalidade, provocando lutas inglórias onde não há vencedores.
Outra razão é que os religiosos, normalmente, dão às questões morais mais importância do que aos outros aspectos do comportamento humano, condenando implacavelmente. Jesus nunca se afastou ou condenou alguém por suas falhas, pois sabia que a evolução é individual, intransferível. As falhas são lições que servem de degraus para quem sobe em direção à Luz, pois o faltante é – sempre – o maior prejudicado por suas naturais consequências. Esta verdade simples, mas poderosa, O levou a orientar: “Não julgueis para não serdes julgados”, uma vez que Deus é Amor.
* Administrador de empresas, com especialização em Marketing