O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), passou o último domingo, 26 de março, no Palácio da Alvorada sem receber visitas. Com broncopneumonia bacteriana e influenza A, o petista cancelou a viagem que faria à China a partir deste fim de semana e se recupera da doença por recomendação médica.
O cardiologista Roberto Kalil, médico de Lula, disse que o quadro de saúde do mandatário é bom e que ele teria condições de fazer qualquer viagem em um prazo de 15 dias a um mês. “O estado geral é bom e ele deve retornar às atividades dele durante a semana”, diz o médico.
“Ele volta à vida normal dele, claro, com uma precaução inicial depois de um quadro de pneumonia, nos próximos dias. Se você me perguntar, daqui a um mês ou daqui a 15 dias teria condição, evidentemente, de fazer qualquer viagem.”
O governo gostaria de remarcar a viagem à China “o quanto antes” por causa da importância do país asiático para a economia doméstica e da aproximação que Lula quer ter com o presidente chinês, Xi Jinping, por causa de questões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia.
O governo da China informou no domingo que mantém contato com o governo brasileiro para o reagendamento da visita de Estado do presidente Lula ao país. O petista se encontraria com o chinês Xi Jinping nesta terça-feira, dia 28, mas cancelou a viagem por razões de saúde. Uma possível data, em avaliação por autoridades no Brasil, seria a segunda quinzena de maio.
A China se manifestou pela primeira vez sobre o cancelamento da visita por parte de Lula. Xi Jinping enviou mensagem para Luiz Inácio Lula da Silva desejando a pronta melhora do presidente brasileiro. O líder chinês manifestou solidariedade ao petista e sugeriu “uma visita o mais cedo possível e em data oportuna para ambos os lados”.
O mandatário brasileiro quer participar da posse de sua antecessora Dilma Rousseff como a nova presidente do Banco dos Brics, que tem sede em Xangai. Com o cancelamento da comitiva presidencial, a ex-presidente da República seguiu para a China sozinha nesta segunda-feira (27).
Porém, a solenidade de posse aguardará a presença de Lula. No sábado (25), o presidente recebeu no início da noite no Palácio da Alvorada a visita do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que voltou nesta segunda-feira (27).
Ele afirmou que, nesta semana, o chefe do Executivo deve focar em agendas internas em Brasília. De acordo com o ministro, a permanência do presidente no país permite que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se dedique, junto com Lula, à formulação da proposta do arcabouço fiscal.
Por recomendação médica, o presidente deve manter agendas de trabalho até quarta-feira (29) no Palácio da Alvorada, onde deve receber ministros. O Ministério das Relações Exteriores da China confirmou, numa entrevista coletiva diária, que foi informado pelo governo Lula da decisão de postergar a visita de Estado.
Um dia antes do embarque, o governo brasileiro divulgou o estado de saúde de Lula. Mais de 100 empresários já estavam na capital chinesa, além do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que conduzia reuniões institucionais e de trabalho antecipadamente.
Integrantes do governo e empresários do agronegócio brasileiro sugeriram que Lula viaje em maio, por volta do dia 18, para aproveitar uma feira de alimentação local, a SIAL, que costuma ter a presença de Xi Jinping. Lula poderia emendar a visita de Estado à China com a ida à cúpula do G7, no Japão.
Mas diplomatas avaliam potenciais sensibilidades chinesas e a disponibilidade na agenda do presidente do país. O ministro Carlos Fávaro confirmou a proposta da viagem em maio, mas disse que agora a nova data depende de uma decisão da China.