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Lula sai da prisão e diz que vai à luta

CASSIANO ROSÁRIO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Um ano e sete meses após ser preso na Operação Lava Jato para cumprir pena de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Gua­rujá, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou na tarde desta sexta-feira, 8 de novembro, a cela especial da Polícia Federal em Curitiba (PR).

Lula saiu da sede da PF às 17h42 – pouco mais de uma hora depois da expedi­ção do alvará de soltura pelo juiz Danilo Pereira Júnior, da 12ª Vara Federal de Curitiba, menos de 24 horas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar inconstitucio­nal a prisão após condenação em segunda instância.

Uma multidão de manifes­tantes saudou o ex-presidente empunhando bandeiras do PT gritando palavras de or­dem. Lula foi condenado no caso triplex pelo ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro de Jus­tiça e Segurança Pública, que lhe impôs nove anos e seis me­ses de reclusão. A pena foi au­mentada para doze anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o Tribunal da Lava Jato.

Em abril deste ano, o Su­perior Tribunal de Justiça (STJ) reduziu a sanção para oito anos, dez meses e 20 dias de reclusão. O petista cumpria pena desde a noite de 7 de abril de 2018 em uma cela especial dentro da Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense. O ex-presidente é acusado de receber propinas da empreiteira OAS em troca de contratos da Petrobras.

O repasse teria sido materia­lizado em obras de melhorias e ampliação de um triplex no edi­fício Solaris, no Guarujá, no lito­ral paulista, e também por meio do armazenamento de bens que o ex-presidente recebeu durante seus dois mandatos no Planalto, entre 2002 a 2009.

Lula sempre negou o recebi­mento de vantagens indevidas. Ele é réu em outras ações penais, como no caso do sítio de Ati­baia, no interior paulista, pelo qual foi condenado a doze anos e onze meses de reclusão pela ju­íza Gabriela Hardt em fevereiro deste ano. O caso será julgado no próximo dia 27 pelo TRF-4, que analisará se a sentença será anulada e o processo remetido de volta às alegações finais.

O ex-presidente disse em transmissão ao vivo pelo Twitter que sai “com muita vontade de voltar a lutar”. “É muito triste que depois de 580 dias que eu estou preso, depois de eleger um pre­sidente com base na fake news e na mentira, os dados do IBGE mostram que o povo brasileiro está mais desempregado, está ganhando menos e está vivendo pior. É muito triste.”

Lula, acompanhado da na­morada, a socióloga Rosangela “Janja” da Silva, ainda disse: “Eu não quero ficar falando mal de presidente, eu não quero ficar falando mal de ministro. Eu quero falar bem do povo brasi­leiro e falar das coisas que são possíveis de serem construídas nesse País”. “Eu tenho uma con­vicção de que o povo brasileiro – e o povo pobre sobretudo – é a única fonte que pode ajudar a gente a recuperar esse País, na hora em que a gente incluí-lo no orçamento e nas discussões econômicas do País.”

O ex-presidente afirmou que “não tem como pagar o que esse povo da vigília fez por mim”, so­bre os acampados na porta da carceragem da Polícia Federal. “É muita grandiosidade.” Lula ainda disse: “Do coração, eu vou trabalhar o resto da minha vida para pagar a vocês com gratidão, com amor, com trabalho, e re­tribuir, a cada um, o que vocês merecem”.

E prosseguiu: “É para vocês e para o povo brasileiro que um governante tem que trabalhar. Um governante sério não fica governando com base em fake news e com base na mentira. Um governante sério fala com o povo e fala em emprego, em desenvolvimento e distribuição de renda, coisa que a gente não ouve falar.” Lula concluiu: “Va­mos à luta até a vitória final”.

Pelo Twitter, Cristiano Za­nin, advogado de Luiz Inácio Lula da Silva, comemorou a soltura do ex-presidente: “Liber­dade plena restabelecida!”. O ad­vogado ainda voltou a defender a anulação do processo. “Vamos buscar a nulidade dos processos e recuperar o Estado de Direito.” Atualmente, o STF analisa o pe­dido da defesa pela suspeição do então juiz Sérgio Moro.

Caso tenha parecer favorá­vel, as ações que condenaram Lula nos casos envolvendo o sítio em Atibaia e o triplex no Guarujá poderão ser anuladas e Lula considerado inocente. Durante o primeiro discurso após ser libertado, o ex-presi­dente disse que a sua prisão foi resultado de um “lado podre” do Estado brasileiro, “da Justiça, do Ministério Público, da Polícia Federal e da Receita Federal”.

Segundo o presidente, esse lado “trabalhou para tentar cri­minalizar a esquerda, o PT e o Lula”. “O lado mentiroso da PF que fez inquérito contra mim, o lado canalha do MP e da for­ça-tarefa.” “Se pegar o (Deltan) Dallagnol (chefe da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba), o (Sérgio) Moro (ex-juiz da Lava Jato) e alguns delegados, enfia e bate num li­quidificador. O que sobrar não é dez por cento da honestidade que eu represento nesse País. Eles têm que saber que caráter e dignidade não é uma coisa que a gente compra em shopping cen­ter, em feira ou no bar”, discur­sou o presidente.

“O Moro tem que saber uma coisa: não prenderam um homem. Tentaram matar uma ideia, mas uma ideia não desa­parece”, disse Lula, retomando as ideias da sua fala no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC logo antes de ser preso em abril de 2018. O presidente também fez críticas a veículos de imprensa. “Eu quero lutar para provar que se existe uma quadrilha e um bando de mafioso é essa maracutaia, li­derada pela Rede Globo.” Lula ainda afirmou que “não tem má­goas” nem dos policiais federais, nem dos carcereiros.

José Dirceu é solto
A juíza federal substituta Ana Carolina Bartolamei Ra­mos, da 1ª Vara de Execuções Penais de Curitiba, ordenou na noite desta sexta-feira a soltu­ra do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). Mais cedo, a defesa do petista apresentou pedido de liberdade após decisão do Su­premo Tribunal Federal revogar a prisão após condenação em segunda instância.

Condenado a 30 anos, nove meses e dez dias de prisão na Lava Jato pelos crimes de cor­rupção e lavagem de dinheiro, José Dirceu estava detido desde maio deste ano após o Tribunal Federal da 4ª Região (TRF-4), o Tribunal da Lava Jato, impor condenação no processo que envolve o recebimento de propi­nas de R$ 7 milhões em contrato superfaturado da Petrobras com a empresa Apolo Tubulares, for­necedora de tubos para a estatal, entre os anos de 2009 e 2012.

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