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Lula e FHC almoçam juntos em São Paulo

Em campos opostos da polí­tica desde a década de 1990, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Hen­rique Cardoso (PSDB) almoça­ram juntos na semana passada. O encontro foi promovido pelo ex-ministro Nelson Jobim, que atuou tanto no governo do pe­tista quanto no do tucano.

O almoço ocorreu na casa de Jobim e durou cerca de três ho­ras. A reunião foi registrada nas redes sociais de Lula. A aproxi­mação com o tucano faz parte da estratégia do ex-presidente de se apresentar como um pré­-candidato moderado e atrair lideranças do centro político.

No início do mês, ele esteve em Brasília e se reuniu com nomes como o do também ex-presidente José Sarney (MDB), o ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). O gesto de FHC a Lula ocorre no momen­to em o PSDB enfrenta uma divi­são interna e planeja fazer prévias para escolher seu candidato ao Palácio do Planalto em 2022.

Em entrevistas ao jornal Valor Econômico na semana passada e à Rádio Eldorado nesta semana, o tucano afirmou que, num eventu­al segundo turno entre Bolsonaro e Lula, votaria no petista. “Espero que não seja necessário, mas se for, provavelmente, sim. PT é um partido importante que se organizou. Não tenho medo do PT”, afirmou ao jornal.

Na mesma entrevista, FHC revelou que anulou o voto na dis­puta presidencial de 2018, quando Fernando Haddad (PT) enfrentou Bolsonaro no segundo turno. No Twitter, Lula elogiou a entrevista e respondeu: “Eu faria o mesmo se fosse contrário”.

Nesta semana, Lula confir­mou pela primeira vez que é pré­-candidato à eleição de 2022 após ter recuperado os direitos políticos por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). “Serei candidato contra (Jair) Bolsonaro”, disse à revista francesa Paris Match.

Integrantes do PSDB rea­giram aos elogios públicos e à aproximação entre os ex-presi­dentes Fernando Henrique Car­doso e Luiz Inácio Lula da Silva. Bruno Araújo, presidente da Executiva nacional tucana, resu­miu o incômodo e fez um apelo para o partido evite “passar si­nais trocados” a seus eleitores.

“Esse encontro ajuda a derro­tar Bolsonaro, mas não faz bem a um potencial candidato do PSDB. Nossa característica é saber dia­logar, inclusive com adversários políticos. De toda forma, preci­samos evitar sinais trocados aos nossos eleitores”, diz.

“O partido segue firme na construção de uma candidatura distante dos extremos que se es­tabeleceram na democracia bra­sileira”, afirma Araújo. “Depois de o petismo rotular seu gover­no de ‘herança maldita’, parece mais que estão em busca de vo­tos do que um reconhecimento da gestão de FHC.”

“O PSDB deve continuar a busca de uma candidatura ao cen­tro, e há sinais claros de que além dos nomes colocados até aqui, o senador Tasso (Jereissati) começa a considerar realmente uma can­didatura. Lula nunca foi, e não acredito que será uma opção para o PSDB”, garante Aécio Neves, de­putado e ex-presidente do partido.

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