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Lula defende moeda comum no Mercosul

RICARDO STUCKERT/PR

Eduardo Gayer,
enviado especial (AE)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender, em discurso na cú­pula do Mercosul, a criação de uma moeda comum entre os países do bloco para reduzir custos na transação e promo­ver uma “convergência” ma­croeconômica.

Na segunda-feira, 3 de ju­lho, a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, des­tacou após reunião em Puerto Iguazú, na Argentina, que o Brasil, na presidência pro tem­pore do Mercosul, terá como prioridade justamente a “con­vergência macroeconômica em moeda comum no bloco”.

“A adoção de uma moeda comum para realizar opera­ções de compensação entre nossos países contribuirá para reduzir custos e facilitar ain­da mais a convergência. Falo de uma moeda de referência específica para o comércio re­gional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais”, disse o presidente em discurso nesta terça-feira (4) na Cúpula do Mercosul.

Lula destacou que o Mer­cosul está aquém de seu po­tencial de comércio e reiterou a disposição do Brasil na presi­dência pro tempore em incluir os setores automotivo e o açu­careiro na área de livre comér­cio. “Temos uma agenda ina­cabada com dois setores ainda excluídos do livre comércio: o automotivo e o açucareiro. E buscaremos, também, concluir a oitava rodada de liberaliza­ção do comércio de serviços”, afirmou Lula.

Lula reagiu à ofensiva da China para fechar um tratado de livre comércio com o Uru­guai de forma unilateral, o que poderia prejudicar o Mercosul. Em discurso na cúpula do bloco sul-americano, nesta terça-feira, o petista acenou com parcerias em conjunto do Mercosul com o país asiático.

“Vamos revisar e avançar nos acordos em negociação com Ca­nadá, Coreia do Sul e Cingapura. Vamos explorar novas frentes de negociação com parceiros como a China, a Indonésia, o Vietnã e com países da América Central e Caribe”, prometeu Lula, que as­sumiu ontem a presidência pro tempore do Mercosul.

Lula saiu em defesa de po­líticas que “contemplem uma integração regional profunda”, baseada em “trabalho qualifi­cado” e “produção de ciência, tecnologia e inovação”. “Isso re­quer mais integração, a articu­lação de processos produtivos e na interconexão energética, viária e de comunicações”, de­clarou o presidente do Brasil.

“A proliferação de barreiras unilaterais ao comércio perpe­tua desigualdades e prejudicam os países em desenvolvimento.” No discurso, o petista disse ser preciso combater “o ressur­gimento do protecionismo no mundo”, com o resgate do protagonismo do Mercosul na Organização Mundial do Co­mércio (OMC). Lula defende uma reforma da OMC e da go­vernança global como um todo.

Bolívia
O presidente Lula afirmou que vai trabalhar pessoalmente junto ao Congresso Brasileiro para aprovar a entrada plena da Bolívia no Mercosul. O país sul-americano aguarda aval dos parlamentares para entrar no bloco. “A nossa integração vai bem além do que um pro­jeto estritamente comercial”, disse Lula.

“O Mercosul não pode estar limitado à barganha do ‘quanto eu te vendo e quanto você vende pra mim’”, argumentou o presi­dente na cúpula do bloco sul-a­mericano. Lula defendeu a recu­peração de “uma agenda cidadã e inclusiva” que gere benefícios tangíveis para todos os países.

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