Eduardo Gayer,
enviado especial (AE)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender, em discurso na cúpula do Mercosul, a criação de uma moeda comum entre os países do bloco para reduzir custos na transação e promover uma “convergência” macroeconômica.
Na segunda-feira, 3 de julho, a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, destacou após reunião em Puerto Iguazú, na Argentina, que o Brasil, na presidência pro tempore do Mercosul, terá como prioridade justamente a “convergência macroeconômica em moeda comum no bloco”.
“A adoção de uma moeda comum para realizar operações de compensação entre nossos países contribuirá para reduzir custos e facilitar ainda mais a convergência. Falo de uma moeda de referência específica para o comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais”, disse o presidente em discurso nesta terça-feira (4) na Cúpula do Mercosul.
Lula destacou que o Mercosul está aquém de seu potencial de comércio e reiterou a disposição do Brasil na presidência pro tempore em incluir os setores automotivo e o açucareiro na área de livre comércio. “Temos uma agenda inacabada com dois setores ainda excluídos do livre comércio: o automotivo e o açucareiro. E buscaremos, também, concluir a oitava rodada de liberalização do comércio de serviços”, afirmou Lula.
Lula reagiu à ofensiva da China para fechar um tratado de livre comércio com o Uruguai de forma unilateral, o que poderia prejudicar o Mercosul. Em discurso na cúpula do bloco sul-americano, nesta terça-feira, o petista acenou com parcerias em conjunto do Mercosul com o país asiático.
“Vamos revisar e avançar nos acordos em negociação com Canadá, Coreia do Sul e Cingapura. Vamos explorar novas frentes de negociação com parceiros como a China, a Indonésia, o Vietnã e com países da América Central e Caribe”, prometeu Lula, que assumiu ontem a presidência pro tempore do Mercosul.
Lula saiu em defesa de políticas que “contemplem uma integração regional profunda”, baseada em “trabalho qualificado” e “produção de ciência, tecnologia e inovação”. “Isso requer mais integração, a articulação de processos produtivos e na interconexão energética, viária e de comunicações”, declarou o presidente do Brasil.
“A proliferação de barreiras unilaterais ao comércio perpetua desigualdades e prejudicam os países em desenvolvimento.” No discurso, o petista disse ser preciso combater “o ressurgimento do protecionismo no mundo”, com o resgate do protagonismo do Mercosul na Organização Mundial do Comércio (OMC). Lula defende uma reforma da OMC e da governança global como um todo.
Bolívia
O presidente Lula afirmou que vai trabalhar pessoalmente junto ao Congresso Brasileiro para aprovar a entrada plena da Bolívia no Mercosul. O país sul-americano aguarda aval dos parlamentares para entrar no bloco. “A nossa integração vai bem além do que um projeto estritamente comercial”, disse Lula.
“O Mercosul não pode estar limitado à barganha do ‘quanto eu te vendo e quanto você vende pra mim’”, argumentou o presidente na cúpula do bloco sul-americano. Lula defendeu a recuperação de “uma agenda cidadã e inclusiva” que gere benefícios tangíveis para todos os países.