O escritor Ignácio de Loyola Brandão, frequentador assíduo da Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto e natural da “vizinha” Araraquara, é o novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele foi eleito na tarde desta quinta-feira, 14 de março, por unanimidade, para a cadeira 11, que era ocupada pelo jurista Helio Jaguaribe. Havia outros onze candidatos, mas nenhum com o mesmo peso do autor.
Nascido em Araraquara em 1936, Ignácio de Loyola Brandão fez carreira no jornalismo e ainda escreve crônicas Caderno 2 do jornal o Estado de S.Paulo, quinzenalmente, às sextas-feiras. Sua estreia literária foi em 1965, com o livro de contos “Depois do Sol”. O reconhecimento maior veio com os romances “Zero” (1975), censurado na ditadura militar e publicado primeiro na Itália – vendeu cerca de 900 mil exemplares –, e “Não verás país nenhum” (1981), seu best-seller, com um milhão de cópias comercializadas.
No ano passado, depois de uma década sem publicar ficção, o escritor voltou ao romance e lançou “Desta terra nada vai sobrar a não ser o vento que sopra sobre ela” – uma obra que nasce de sua observação do momento “confuso” atual do Brasil. Chamado por Ignácio de Loyola Brandão de “romance político-burocrático”, o livro, apocalíptico, é ambientado num futuro incerto e retrata, por meio de viagens de Felipe e Clara, os protagonistas, um Brasil caótico, com 1.080 partidos políticos.