Romance, sexo, sexualidade, amor e empoderamento. Esse é o combo temático que a maioria das mulheres procura quando busca pela literatura erótica, também conhecida como hot. Os livros, que trazem histórias de amor apimentadas, estão no topo da lista dos mais procurados – e vendidos – na plataforma de e-books Amazon, após o boom de “50 Tons de Cinza”, lançado em 2012 e também nos sites das editoras. Mas, por que o assunto vem chamando tanta a atenção, atraindo cada vez mais leitoras e, consequentemente, lançando mais escritoras?
Para Aretha Vieira Guedes, autora com 27 títulos deste gênero e umas das bestsellers da Amazon, sexo é um dos maiores tabus que existe até hoje, principalmente quando se refere à sexualidade feminina. “Ainda é um assunto proibido para muitas pessoas, mas as mulheres estão cada vez mais se libertando, assumindo o que gostam de ler (e escrever) sem ter medo”, destaca a escritora de ‘O Mundo do CEO’, ‘Um romance para o CEO’ – editados pelo Grupo Editorial Portal, ‘O CEO’ e ‘A virgem e o velho maluco que quer um neto’, todos considerados sucesso de leitura.
Aretha é casada, tem 34 anos e entrou para a lista de autoras com livros mais vendidos da Veja em 2016, além de sair vencedora de dois prêmios internacionais: Wattys e do concurso Luvbook/Ler Editorial. Segundo ela, todos seus livros são considerados hot, mas sempre com uma pitada de mistério, ação, fantasia ou drama. “Os que fazem maior sucesso são aqueles com temas que alguns adoram reclamar, mas amam ler, como o ‘O Mundo do CEO’ – o mais picante de todos – e que recentemente foi lançado na versão física”. A obra traz a história de um clube exclusivo para milionários, localizado em um prédio, no qual cada andar oferece um tipo diferente de entretenimento para os seus sócios, dos mais inocentes aos mais eróticos.
Empoderamento
A escritora baiana Amanda Sampaio arrisca um palpite para o sucesso desse gênero literário: o simples fato de que muita gente gosta de viver histórias como se fosse a sua. “Quem não gostaria de vivenciar um romance de tirar o fôlego?”, diz a autora de ‘A Secretária do CEO’- um romance sensual sobre a vida profissional de dois personagens que teve uma super-repercussão em uma plataforma para escritores iniciantes.
Para ela, o gênero erótico é um desafio. “Não é fácil escrever para outras mulheres e desconstruir certos temas. Mas, com o passar do tempo, estamos conseguindo mais espaço de fala no mundo da literatura e mostrando, através dos livros, mulheres emponderadas e bem resolvidas ou que estão se descobrindo pelo caminho”, diz.
E como conquistar leitoras tão rápido? Amanda explica que, como seu público é 99% feminino, ela gosta de escrever o que foge da realidade de muitas mulheres e das frustrações do dia a dia. “Estou sempre me comunicando com as leitoras. Muitas compartilham suas vidas e fantasias sexuais que são veladas e não realizadas em casa”. Em breve, a escritora, de apenas 23 anos, lançará mais um romance: ‘Aliança por Contrato’.
Prazer Marginal
A autora mineira de 43 anos e quatro romances publicados, D. Valenti lembra que para ler um romance com uma “pegada” mais sensual, as mulheres de sua geração compravam os livros nas bancas de revista e os escondiam debaixo do colchão. “Era um prazer marginal. Hoje, apesar de os olhares de censura ainda existirem, elas consomem livremente qualquer tipo de literatura. O sucesso se dá pela liberdade que ela lutou e luta até hoje. É a mulher tomando posse, de fato, de um direito legítimo de escolha que, de certa forma, em gerações passadas, desconhecia ter”, mostra a escritora de ‘O Pecado de Dmitry’, de 2016; ‘Brumas do Passado’, de 2017; ‘Jardim de Inverno’, 2019, e o próximo que está prestes a ser lançado: ‘O que Ela Roubou de Mim’, estes dois últimos publicados pelo Grupo Editorial Portal.
Outro fator que D. Valenti credita para o grande número de leitoras é sensação de “conjugação” perfeita no relacionamento amoroso que este tipo de gênero traz. “O que acontece na ficção, nem sempre é encontrado na vida real. É o momento em que a leitora experimenta a sensação do prazer enquanto se projeta na história. Além do mais, ela se diverte!”
Histórias de clichês. Será?
Com mais de cinco obras lançadas – todas do gênero romance contemporâneo, a pernambucana Ynglidis Farias, ou Yni, de 25 anos, mostra que muitos romances estão passando por mudanças: o clichê foi remodelado para se encaixar ao tempo atual. “Como mulher, eu mesma me sinto representada nas minhas histórias. Sempre gosto de mostrar empoderamento e passar para os leitores como nós mulheres podemos conquistar o que queremos”, alerta a escritora de ‘Sr. Cínico’, de 2020 e com mais de 750 mil leituras, também editado pelo Grupo Editorial Portal. O livro traz uma boa dose de sensualidade e, simultaneamente, aborda assuntos importantes e que refletem a atual sociedade.