O mundo evolui com mudanças desde as mais remotas eras. Afinal é inconcebível evoluir sem mudança ou mudar sem evoluir. Mas este movimento sempre incomoda. Há duas situações neste cenário: as mudanças para melhorar performance e aquelas que quebram uma cadeia e abrem as portas de um cenário novo – as disruptivas. Os dois casos costumam, no mínimo, causar apreensão nas organizações.
O primeiro é bem mais comum. Como exemplo, temos os computadores cada vez mais potentes. No segundo caso, já estamos falando de disrupção; ou seja, aquela inovação que muda tudo, ou quase, e promove uma ruptura mais profunda, mudando os caminhos. É o caso dos celulares que acabaram com a telefonia fixa, das câmeras digitais que derrubaram a indústria de filmes para fotografias, dentre muitos outros.
A mudança em si já amedronta muita gente. Mas há a questão da rapidez. O especialista em defesa cibernética corporativa, militar, aeroespacial Augusto Schmoisman alertou que “a imensa velocidade com que as inovações científicas e tecnológicas acontecem pode exceder a capacidade do ser humano e das nossas estruturas sociais de assimilar e se adaptar a elas”.
A boa notícia é que essa rapidez com que as mudanças vêm ocorrendo trouxe especialistas e negócios voltados a prever cenários futuros. Os futuristas, se não nos entregam de bandeja o que vem por aí, nos apontam mudanças embrionárias que já podem ser percebidas, sistemas que estão tornando-se obsoletos, novas demandas e necessidades que demandarão produtos, serviços, estudos, inovações. E isso alimenta as organizações e as pessoas para a tomada de decisões. Por exemplo, estudos já apontaram que pessoas com mais de 60 anos utilizam-se de produtos e serviços “mais ou menos” adequados a eles e os idosos têm uma representatividade expressiva no consumo e vão ocupar mais o mercado de trabalho.
Para lidar com as mudanças, é importante conhecer-se para saber o grau de conforto ou desconforto neste cenário que já é caracterizado como a mais recente revolução. Neste caso, o autoconhecimento é obrigatório. Até porque organizações e pessoas só sobreviverão neste mundo de mudanças aceleradas com uma força capaz de lidar com a disrupção e abraçar mudanças.
O Relatório de Negócios Internacionais, da consultoria Grant Thorton, ouviu líderes seniores em empresas de médio porte em todo o mundo e levantou que as três forças disruptivas até 2030 virão da tecnologia: a maior mudança será a ascensão do mundo digitalmente conectado (para 42% dos entrevistados), em segundo lugar foram apontadas a inteligência artificial e o big data (40% dos entrevistados), e, por fim, a automação e a robótica (para 35%), sendo que os dois últimos itens estão ligados ao universo do item mais votado.
O relatório aponta também outras forças que impactarão o universo corporativo que são a globalização de recursos como finanças, propriedade intelectual e pessoas (para 32% dos entrevistados) e mudanças demográficas (para 30% dos participantes do estudo).
Mais uma vez, os especialistas apontam que toda essa revolução deixará à máquina tudo aquilo que o homem não precisa fazer, mas caberá aos humanos o pensamento criativo, o conhecimento técnico e as habilidades sociais.
Uma das coisas importantes neste capítulo que já começou é a autoanálise comportamental para as mudanças feitas por softwares capazes de avaliar a tendência de um profissional a aceitar mudanças e como ele se comporta nesse ambiente. O software responde o grau de conforto ou desconforto do indivíduo para suportar pressão ou estresse, conformar-se, adaptar-se, integrar os processos da empresa, vivenciar mudanças, aderir à cultura da empresa e apreender uma situação. Pelo relatório, é possível saber em que grau essa característica está solidificada no perfil da pessoa e até as tendências a alterar o comportamento, para mais ou para menos.
O relatório citado aponta as principais características dos líderes de 2030. O mais importante atributo é o perfil inovador, apontado por 20% dos entrevistados; 18% disseram que ser adaptável às mudanças será essencial; 9% apontaram que é importante ser colaborativo e 8% indicaram a necessidade de coragem para correr riscos.
Aquele profissional que busca o autoconhecimento para desvendar tendências comportamentais, além de ter informações para buscar desenvolver competências que precisam ser lapidadas, consegue ter mais conforto para enfrentar mudanças porque consegue se preparar ou buscar apoio para solucionar problemas que exijam habilidades que ele já conhece que estão tímidas.
Um mundo recheado de disrupções pede novos profissionais também disruptivos. Para mudar, é preciso desafiar as certezas e lidar com o desconforto.