A prefeitura de Ribeirão Preto informou ao Tribuna, nesta segunda-feira, 15 de abril, que a licitação para contratação de empresa visando as as obras de restauração do Palácio Rio Branco – em 26 de maio vai completar 107 anos –será aberta nesta quinta-feira (18). Com valor estimado em R$ 8.185.413,42, os trabalhos de restauro e recuperação foram autorizados pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB) em 1º de fevereiro.
O valor é 36,42% superior aos R$ 6 milhões estimados inicialmente pela prefeitura de Ribeirão Preto, acréscimo de R$ 2.185.413,42. O certame será na modalidade concorrência pública. Nesta segunda-feira, a Secretaria Municipal da Cultura informou ao Tribuna que o valor anterior era meramente estimativo, pois na época as planilhas de custo não haviam sido finalizadas.
O projeto executivo de restauro foi desenvolvido pela empresa Corsi Arquitetura e Construções e aprovado, em reunião extraordinária realizada em , em 19 de janeiro, pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac). Atende às necessidades atuais do edifício, inaugurado em 1917. A obra deverá ser concluída em dois anos.
Ao lado do Theatro Pedro II, do Centro Cultural Palace, do Edifício Antonio Diederichsen, de alguns palacetes no Centro Histórico e dos casarões que hoje formam o Complexo dos Museus, no campus da Universidade de São Paulo |(USP), o palácio é um dos símbolos da pujança de Ribeirão Preto no início do século passado, riqueza alicerçada nas fortunas dos barões do café, principalmente.
O objetivo da prefeitura de Ribeirão Preto é preservar a estrutura e adequar os espaços com obras de acessibilidade, para se tornar multifuncional e abrigar atividades culturais. Uma parte do projeto trata da adequação do porão para dar um uso funcional e com acessibilidade completa, inclusive com acesso independente (elevador) voltado para a Duque de Caxias.
A ideia é que o espaço abrigue a Escola de Arte do Bosque, que hoje está em funcionamento no Centro Cultural Palace. Outra parte importante das obras de restauração e adequação trata da climatização dos ambientes com equipamentos atuais, permitindo a retirada de antigos aparelhos de ar–condicionado instalados nas fachadas do palacete histórico.
“Nossa proposta é que o Palácio Rio Branco seja um espaço multifuncional e democrático de promoção das artes, propiciando o desenvolvimento de atividades e eventos culturais e fortalecendo a memória cultural da nossa cidade”, pontua o secretário da Cultura e Turismo, Pedro Leão.
Fora isso, o prédio terá destinação exclusiva cultural, sendo que os salões do primeiro andar contarão com uma agenda de atividades contemplando exposições, ações formativas de cultura, saraus e apresentações diversas, segundo a Secretaria de Cultura e Turismo.
A intervenção trata do resgate da edificação do Palácio Rio Branco. O projeto de restauração e reforma contempla um café, espaços para formação permanente, acessibilidade completa com elevador externo, banheiros em todos os pisos, dentre outras coisas.
Palácio Rio Branco – O Palácio Rio Banco vai completar 107 anos em 26 de maio. A construção do teve início em 3 de agosto de 1915 e a obra ficou pronta em abril de 1917. O prédio conta com dois pavimentos e um porão, tem 600 metros quadrados de área coberta, totalizando 1.800 metros quadrados de construção. O estilo de sua fachada é uma transição do barroco para o moderno e foi inspirado nas fachadas arquitetônicas do início do século da França.
O nome escolhido foi uma homenagem ao Barão do Rio Branco, falecido em 1912. A herma na praça em frente ao palácio, construída em 1913, foi a “pedra fundamental” para da obra do palacete. O monumento foi restaurado em 2018 depois de ser alvo de vândalos. Durante seus anos iniciais, o imóvel foi a sede da Câmara dos Vereadores, da prefeitura, da Procuradoria e outros órgãos políticos.
No início do século 20, o poder conferido aos coronéis do café da cidade, que tinha a maior produção cafeeira do mundo, era exercido no interior dos salões. Em grandes mesas no Salão Nobre, fazendeiros milionários, muitas vezes nomeados vereadores sem eleição, fechavam negócios e determinavam os destinos econômicos da cidade, do estado e, muitas vezes, do Brasil.
O governo municipal (Câmara e prefeitura) funcionou conjuntamente no Palácio Rio Branco até 1956, quando o Legislativo foi transferido para o antigo prédio da Sociedade Recreativa e de Esportes, na rua Barão do Amazonas nº 323, onde fica hoje o Museu de Arte de Ribeirão Preto (Marp). Foi a sede da prefeitura até 1º de setembro de 2022.
O Palácio Rio Branco tem dois salões que marcaram as grandes decisões da política e economia de Ribeirão Preto, o Rosa, nomeado como Orestes Lopes de Camargo, e o Salão Nobre Antônio Duarte Nogueira, pai do atual prefeito. Hoje, estes salões representam a história viva de Ribeirão Preto.
Em 2017, uma “cápsula do tempo” foi enterrada em frente ao Palácio Rio Branco. Uma edição do jornal Tribuna está entre os itens que o prefeito Duarte Nogueira guardou no compartimento. O objeto será aberto em 2056, ano do bicentenário de fundação da cidade. O tombamento do prédio ocorreu em 28 de março de 1988, pela lei nº 5.243.