Um assinante do Tribuna Ribeirão, que prefere não se identificar, denunciou a extração de árvores centenárias em um empreendimento imobiliário localizado na Avenida Professor João Fiúza, na pista Vila Virgínia ao Alto da Boa Vista, quase na esquina com a rotatória da Avenida Caramuru.
“Eles alegam que a árvore está doente, oca, podre e emitiram a autorização para extração. Mentira isso. Não tem nada de doente. São cinco árvores adultas. Dizem que têm laudo. Mas quem garante que é verdade? E contrapartida é para inglês ver”, denuncia.
De acordo com o leitor, se a compensação não for tratada como se deve, as árvores não vingam. Cita um exemplo na Vila do Golf, onde teria ocorrido o plantio de árvores como compensação por extrações. Justifica que, sem a devida manutenção por pelo menos quatro anos, as árvores morrem.
“O pessoal que se juntou e pagou dezenas de caminhões pipas a R$ 400 cada um pra poder molhar as plantas ao redor da mata que tem ali. Porque eles não fazem esse acompanhamento. As plantas precisam de um bom tempo acompanhando, ter força diante da cerca, para continuar lutando e crescer.
O assinante também denuncia a agilidade que a Secretaria do Meio Ambiente empreendeu para autorizar as extrações. “Temos muitas pessoas que precisam extrair árvores que colocam em risco pessoas e casas, mas não autorizam. Lá foi tudo muito rápido. Alegam ‘problemas fitossanitários’”, encerra.
Outro lado
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) enviou comunicado à redação do Tribuna Ribeirão justificando a autorização. A secretaria confirma que o imóvel, de propriedade particular, tem vegetação de porte considerável em seu interior.
“As árvores citadas na denúncia tratam-se de paineiras (Ceiba speciosa). Durante a emissão das primeiras diretrizes ambientais para o empreendimento proposto na área, meados de 2019 a 2020, a fileiras de paineiras foi identificada como significativo, sendo indicada a necessidade de manutenção dos exemplares mediante implantação de sistema de lazer na região abrangida”, consta o comunicado.
Em outubro de 2022, segundo a SMMA, o responsável pelo empreendimento apresentou laudo técnico solicitando extração das paineiras por estarem comprometidas. A Secretaria encontrou, na ocasião, infestação de besouros que se alimentam de madeira, o que teria causado a degradação.
Por precaução, a secretaria afirma ter exigido relatório detalhado com técnicas de diagnóstico não-destrutivas mais avançadas. Em junho do ano passado, o empreendimento protocolou o resultado de uma tomografia de impulso.
“Os resultados do relatório foram analisados pelos técnicos da SMMA, sendo emitido parecer multidisciplinar deliberando sobre a alteração dos termos das diretrizes ambientais sobre a manutenção das paineiras, já que as mesmas apresentavam estado fitossanitário muito comprometido, apresentando, inclusive, risco de queda em estruturas próximas.”
Diante dos resultados que confirmaram o declínio das paineiras, a secretaria autorizou a extração mediante assinatura de termo de compromisso pela parte interessada. A SMMA acrescentou que não há previsão legal para podas drásticas nem no empreendimento, nem na cidade.
“A compensação ainda não foi iniciada, já que a área indicada para plantio está sendo utilizada pela Secretaria de Obras Públicas para a realização das obras de galerias do futuro AME, mas assim que terminada essa intervenção, o serviço de compensação será realizado”, conclui o comunicado.