Tribuna Ribeirão
Política

LEILÃO DA SEVANDIJA – Parte de dinheiro vai para servidores

Parte da receita do leilão de ve­ículos apreendidos de pessoas in­vestigadas na Operação Sevandija, marcado para ocorrer entre 30 de abril e 4 de maio, será destinada ao pagamento das parcelas do acordo dos 28,35%, processo relativo às perdas do Plano Collor de servi­dores, na década de 1990. A infor­mação é do gabinete do vereador Renato Zucoloto (PP).

Em junho do ano passado, quando a Câmara aprovou a lei complementar nº 2.816 que “auto­riza a celebração de acordo de no­vação de divida com os servidores municipais referente a execução de atrasados dos 28,35% e dá outras providências”, uma emenda foi in­cluída no projeto.

A medida prevê a destinação de todo o dinheiro recuperado dos acusados de desvio de dinheiro público na ação dos honorários advocatícios, que tem como réus dois ex-advogados e o presidente destituído do Sindicato dos Servi­dores Municipais de Ribeirão Pre­to (SSM/RP) – Maria Zuely Alves Librandi, Sandro Rovani e Wagner Rodrigues, respectivamente.

A emenda proposta por Zu­coloto, aprovada pela Câmara e não vetada pelo Executivo, tem a seguinte íntegra: “Respeitadas as dotações orçamentárias próprias, o município direcionará para fins de amortização e pagamento de parcela de forma antecipada, even­tuais recursos e valores apropria­dos judicialmente nas ações ajui­zadas que visem a restituição dos valores desviados indevidamente a título de honorários advocatícios, por ocasião do aditamento havido mediante aprovação da lei com­plementar nº. 2.520, em 2012”.

Os advogados e o ex-presi­dente do sindicato, ao lado do ex­-secretário municipal da Adminis­tração, Marco Antônio dos Santos, e da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido), são acusados de fraudar a ação dos 28,35% para liberar o pagamento de R$ 69,9 milhões em honorários a Maria Zuely. Poste­riormente, segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e a Polícia Federal (PF), R$ 45 mi­lhões desse montante fo0ram divi­didos entre os acusados.

Afora, Rodrigues, que assinou acordo de delação premiada e afir­mou aos promotores que Dárcy Vera recebeu propina de R$ 7 milhões de Maria Zuely, todos os demais citados negam a prática de crimes e dizem que vão provar inocência. Apenas o ex-presidente do SSM/RP e o também advoga­do André Soares Hentz estão em liberdade. O Gaeco afirma que os advogados contratados pelo sindicato não teriam direito aos honorários, pois eram funcioná­rios da entidade e já recebiam sa­lário para defender as causas da categoria. Uma ata de assembleia teria sido fraudada.

Os peritos judiciais encerra­ram a fase de avaliação dos 15 veículos e concluíram que os 14 carros e a motocicleta confiscados valem cerca de R$ 1,5 milhão, des­valorização de aproximadamente R$ 500 mil em relação ao valor de mercado, de R$ 2 milhões, depre­ciação de 25%. O leilão foi autori­zado pelo juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Crimi­nal de Ribeirão Preto, em dezem­bro. A moto e os 14 automóveis que serão alienados têm fabricação que variam de 2012 a 2017.

A decisão foi tomada com base em um pedido do Ministério Pú­blico Estadual (MPE), que atuou, com a PF, nas investigações sobre as supostas fraudes na prefeitura de Ribeirão Preto que podem ter desviado mais de R$ 203 milhões dos cofres públicos. Entre os bens que vão a leilão estão três automó­veis do ex-presidente da Câmara, Walter Gomes (PTB), e dois do ex­-superintendente da Companhia de Desenvolvimento Econômico (Coderp) e do Departamento de Água e Esgotos (Daerp) e ex­-secretário municipal da Adminis­tração, Marco Antônio dos Santos.

Também há três veículos do empresário Marcelo Plastino, só­cio da Atmosphera Construções e Empreendimentos que cometeu suicídio em novembro de 2016, além de um do ex-secretário de Educação, Ângelo Invernizzi Lo­pes e da advogada Maria Zuely Alves Librandi. Da lista de 16 bens que seriam colocados à venda, a Justiça excluiu em um primeiro momento uma BMW pertencen­te ao ex-diretor técnico do Daerp, Luiz Alberto Mantilla, “até conso­lidação da colaboração premiada” firmada com a Justiça.

Todos os investigados negam a prática dos crimes de associação criminosa, fraude em licitações e corrupção ativa e passiva e dizem que vão provar inocência. Se os ve­ículos forem vendidos, o dinheiro ficará em uma conta judicial. Em caso de condenação dos proprie­tários, o valor arrecadado será de­volvido ao governo municipal. Ou então voltará para os suspeitos, em caso de absolvição.

O Palácio Rio Branco entrou com ações na Justiça e cobra o ressarcimento de R$ 220 milhões e o bloqueio de bens de 26 dos 34 indiciados na Sevandija. Já fo­ram bloqueados R$ 33 milhões de contas correntes dos acusados, 68 imóveis e 66 veículos. A Justi­ça também já bloqueou 30 joias de ouro pertencentes à advogada Maria Zuely Alves Librandi.

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