A prática de exercícios físicos em academias de Ribeirão Preto poderá ganhar uma nova exigência. Um projeto de lei do vereador Waldir Vilela (PSD), protocolado na Câmara Municipal institui a obrigatoriedade das academias de ginástica de Ribeirão Preto efetuarem ou exigirem dos alunos, exames médicos de aptidão física e cardiovascular quando da realização da matrícula.
De acordo com a proposta o exame terá que ser feito por um médico cardiologista e deverá ser renovado a cada doze meses. O resultado também será anexado na ficha de matrícula do aluno. Na justificativa, o vereador afirma que a medida visa a preservação da vida humana.
A proposta deveria ter sido votada na semana passada, mas, por falta de parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Redação do Legislativo, foi adiada. Segundo membros da Comissão ouvidos pela reportagem o assunto é polêmico e deverá ser amplamente analisado antes de ser levado ao plenário, caso receba parecer favorável.
Leis sobre a exigência ou não de exame médico por academias mudam muito, dependendo de cidade. A maioria segue a recomendação do Conselho Federal de Educação Física e exige uma avaliação com um professor da área, em que o aluno deve responder a um questionário sobre a sua saúde. Se for constatado algum problema é solicitado que o futuro aluno faça um exame com um médico especializado. Tecnicamente o nome do questionário é Par-q.
Em Belo Horizonte, onde era exigido o exame médico, a lei foi alterada no ano passado e não existe mais obrigatoriedade de exames médicos para quem deseja iniciar a prática de exercícios físicos. Lá a lei passou a exigir que o aluno preencha um questionário com sete perguntas, entre as quais “algum médico já disse que você tem algum problema de coração” e “sabe de alguma outra razão pela qual você não deve praticar exercício”. Na cidade de São Paulo a exigência valeu até o início de 2014, mas depois a legislação também foi revogada.
No estado da Califórnia, nos Estados Unidos, chega a ser proibido uma academia pedir um atestado médico para um aluno. É que pela lei americana, nenhuma empresa não pode obrigar uma pessoa a dizer se tem ou não um problema de saúde, porque toda informação médica é considerada confidencial.
Na maioria dos estados americanos a situação é parecida. Na cidade de Nova Iorque, normalmente as academias pedem para o aluno assinar um termo onde ele se diz apto para praticar exercícios e isenta a academia de qualquer responsabilidade caso venha a ocorrer algum problema durante a atividade física.
Controvérsia
Existem muitas controversas sobre esse assunto. Alguns grupos de praticantes e especialistas defendem a realização de exames complementares mais complexos, enquanto outros referem que os benefícios nem sempre justificam os custos elevados.
Entretanto, todos garantem que a realização de exames antes de se matricular na academia não só previne lesões como também ajuda a identificar o treino ideal. Entre os exames para saber como o coração se comporta durante o exercício estão, por exemplo, desde o teste ergométrico simples, até o chamado
Ergoespirométrico. Este último, além de avaliar possíveis cardiopatias, detecta o VO2 máximo (capacidade que os músculos têm de aproveitar o oxigênio durante a atividade). Ele estabelece os limites adequados de intensidade e verifica a melhora do condicionamento ao longo do tempo.
Outro exame é a calorimetria indireta que faz o cálculo do gasto calórico em repouso e durante o esforço físico. Com ele, é possível indicar uma atividade que queime a quantidade de calorias necessária para seu objetivo, seja emagrecer, manter peso ou ganhar massa muscular.
Claudinei Cândido Garcia, produtor audiovisual acredita que o exame com um cardiologista é fundamental para quem deseja iniciar uma atividade física. Aos 46 anos, ele abandonou o sedentarismo há apenas dois anos quando decidiu fazer musculação. “Fazer um check-up é muito importante porque existem doenças silenciosas que muitas vezes a pessoa desconhece e que pode causar sérios problemas durante alguma atividade física mais intensa”, afirma.
O produtor audiovisual diz que já teve conhecimento de pessoas em Ribeirão Preto que passaram mal e chegarem a falecer durante exercícios físicos. “Independente de lei as pessoas têm que se conscientizarem da importância de exames de saúde antes de começarem a praticar exercícios. Na verdade elas precisam se amar”, conclui.
O empresário Eduardo Aguiar de Moura, de 48 anos, pratica exercício em academia há muitos anos. Casado e pais de dois filhos, um de 23 e outro de 17, ele acredita que a exigência do exame cardiovascular pode ser uma boa iniciativa para prevenir possíveis problemas de saúde. “Saber como está nossa saúde é sempre bom”, afirma. Ele que garante não conseguir mais ficar longe das atividades físicas, ressalta, porém, que o custo financeiro do exame poderá representar um problema para os alunos e para as academias.
Para a Auxiliar Administrativa, Mariana Meireles Viana a obrigatoriedade da realização de exame cardiovascular é meramente uma questão legal. Isso porque, todo mundo que decide praticar uma atividade física deveria ter consciência de que antes de iniciá-la precisa fazer um check-up para detectar eventuais problemas de saúde. “Acredito que a lei pode contribuir, mas esta preocupação deve ser da própria pessoa. Saber se tudo está bem deve ser algo de cada um”, diz. Mariana freqüenta a academia quase todos os dias. Só para citar, seu marido também pratica atividade física.