Tribuna Ribeirão
Política

Legislativo analisa violência doméstica

PAULO H. CARVALHO/AGÊNCIA BRASÍLIA

Pela terceira vez, vereadores de Ribeirão Preto apresentaram projetos de lei semelhantes para obrigar os condomínios de Ri­beirão Preto a relatarem casos de violência doméstica em suas dependências. A nova propos­ta, de Isaac Antunes (PL), deu entrada no Legislativo na últi­ma quinta-feira, 12 de agosto, mas o tema não é novidade na Casa de Leis e já foi objeto de outras duas matérias.

A primeira foi apresentada em 20 de agosto do ano passa­do pelo então vereador Lucia­no Mega (PDT). Já em 22 de outubro, Renato Zucoloto (PP) também protocolou projeto semelhante. O então pedetista – hoje no Avante – foi vereador na legislatura passada, entre 1º de janeiro de 2017 e 31 de de­zembro de 2020.

O Regimento Interno da Câ­mara determina que todo proje­to semelhante a uma proposta apresentada anteriormente será anexada ao original. Isso signi­fica que o de Zucoloto foi ane­xado ao de Luciano Mega, que ainda não recebeu parecer da Comissão de Constituição, Jus­tiça e Redação (CCJ), presidida por Isaac Antunes.

O mesmo rito regimental também deverá ser realizado com o projeto de Isaac Antu­nes. Ou seja, as três propostas se transformarão em apenas uma cujo autor é Luciano Mega. As três propostas são iguais e esta­belecem que os condomínios residenciais, por meio de seus síndicos, administradores o pessoas que o representem, se­jam obrigados a avisar às auto­ridades policiais a ocorrência ou indício de violência domés­tica e familiar contra mulheres, crianças, adolescentes ou ido­sos residentes nestes locais.

Determinam ainda que a comunicação deva ser realiza­da no prazo de até 24 (vinte e quatro) horas após a ciência do fato. Também deverá ter infor­mações que possam contribuir para a identificação da possível vítima e do possível agressor. Além da denuncia os condo­mínios deverão afixar, nas áreas de uso comum, cartazes, placas ou comunicados divulgando a nova lei e em caso de descum­primento o condomínio infrator poderá se advertido.

Em 11 de agosto, a Assem­bleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou o projeto de lei número 108/2020, de autoria do deputado Professor Kenny (PP), que obriga os condomí­nios residenciais e comerciais a acionarem órgãos de segurança pública sobre qualquer indício de violência doméstica e familiar contra mulheres, crianças, ado­lescentes ou idosos. A proposta aguarda pela sanção ou veto do governador João Doria (PSDB).

Pesquisa do Instituto Da­tafolha encomendada pelo Fó­rum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgada no dia 7 de agosto, revela que uma em cada quatro mulheres aci­ma de 16 anos afirma ter sofri­do algum tipo de violência no último ano no Brasil, durante a pandemia de covid-19.

Significa que cerca de 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram violência física, psi­cológica ou sexual no último ano. A porcentagem repre­senta estabilidade em relação à última pesquisa, de 2019, quando 27,4% afirmaram ter sofrido alguma agressão.

Segundo balanço do Mi­nistério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MM­FDH), com dados dos canais de denúncia do governo fede­ral, em 2020 foram registradas 105.671 denúncias de violência contra a mulher, tanto do Ligue 180 (central de atendimento à mulher) quanto do Disque 100 (direitos humanos).

Do total de registros, 72% (75.753 denúncias) são refe­rentes à violência doméstica e familiar contra a mulher, informou a pasta. De acordo com a Lei Maria da Penha, esse tipo de violência é caracteriza­do pela ação ou omissão que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico da mulher. Ainda estão na lista danos morais ou patrimoniais a mulheres.

O restante das denúncias, que somam 29.919 (28%), são referentes à violação de direitos civis e políticos, que incluem, por exemplo, condição análoga à escravidão, tráfico de pessoas e cárcere privado. Também estão relacionadas à liberdade de reli­gião e crença e o acesso a direitos sociais como saúde, educação, cultura e segurança.

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