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Lava Jato denuncia Palocci A força-tarefa da Operação

A força-tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Públi­co Federal (MPF) no Paraná apresentou nesta sexta-feira, 10 de agosto, denúncia con­tra os ex-ministros da Fazen­da Antonio Palocci e Guido Mantega e também contra os ex-representantes da Odebre­cht, Marcelo Odebrecht, Mau­rício Ferro, Bernardo Gradin, Fernando Migliaccio, Hilberto Silva e Newton de Souza e os publicitários Mônica Santana, João Santana e André Santana, pela suposta prática de corrup­ção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Segundo a denúncia, todos estão envolvidos em atos ilíci­tos que culminaram com a edi­ção das medidas provisórias 470 e 472 (MP da Crise), “be­neficiando diretamente empre­sas do grupo Odebrecht, entre estas a Braskem”. A solicitação, a promessa e o pagamento de propina aos agentes públicos, se­gundo a denúncia, “viabilizou a edição das medidas provisórias 470 e 472, as quais permitiram à Braskem a compensação de prejuízo com débitos tributários decorrentes do aproveitamen­to indevido de crédito ficto de IPI, cujo reconhecimento havia sido negado anteriormente por decisão do Supremo Tribunal Federal”.

As informações foram divul­gadas pela força-tarefa da Lava Jato. Palocci está preso desde se­tembro de 2016, alvo da Opera­ção Omertà, que o levou a uma primeira condenação – doze anos, dois meses e 20 dias de re­clusão, por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele revelou ao juiz Sérgio Moro a suposta existência de um “pacto de sangue” entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Odebrecht.

A investigação que resultou nesta nova denúncia, levada à Justiça nesta sexta-feira, reve­lou que Marcelo Odebrecht, com o auxílio de Maurício Fer­ro, Bernardo Gradin e Newton de Souza, ofereceu promessas indevidas aos ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega, com o objeti­vo de influenciá-los na edição da medida provisória.

“A promessa de propina aceita por Guido Mantega ti­nha o valor de R$ 50 milhões, quantia que permaneceu à sua disposição em conta es­pecífica mantida pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, sob o comando de Fernando Migliaccio e Hilber­to da Silva”, afirma a Procura­doria-geral da República. “Este montante somente era utili­zado mediante a autorização de Guido Mantega, sendo que parcela desse valor foi entre­gue aos publicitários Mônica Santana e João Santana, além de André Santana, para serem usados na campanha eleitoral de 2014.”

Durante as investigações “ficou comprovado que, ao longo dos anos de 2008 e 2010, houve intensa negociação en­tre Marcelo Odebrecht e, su­cessivamente, Antonio Palocci e Guido Mantega, para a edi­ção de medida provisória que beneficiasse as empresas do grupo Odebrecht e permitisse a solução de questões tributá­rias do grupo”.

“O objetivo da manobra legislativa era permitir o paga­mento parcelado de tributos fe­derais devidos, com redução de multa, bem como sua compen­sação com prejuízos fiscais.” Du­rante a negociação para a edição das medidas provisórias “agiram em conjunto com Marcelo Ode­brecht os executivos Maurício Ferro, Bernardo Gradim e New­ton de Souza, fato este revelado pela intensa troca de mensagens entre os denunciados, dentre outras provas”.

Antonio Palocci ocupou o Ministério da Fazenda entre 2003 e 2006 e foi sucedido por Guido Mantega, que ficou no cargo até 2014. Palocci ainda foi nomeado ministro da Casa Civil no início de 2011, no governo Dilma Rousseff (PT), e ficou na pasta até junho daquele ano.

Pagamentos
Para viabilizar o pagamento da propina para Mantega, que foi lançada na chamada “Plani­lha Italiano”, sub-conta “Pós-Itá­lia”, Odebrecht “valeu-se de Mi­gliaccio e Hilberto, que atuavam no Setor de Operações Estrutu­radas da empresa”.

“Este setor foi idealizado e existia para o controlar o caixa 2 da empresa e também para o pa­gamento de propinas a políticos e agentes públicos. O montante da propina tem origem em ati­vos da Braskem, empresa admi­nistrada por Bernardo Gradim, que era mantido ilicitamente no exterior e geridos pelo Setor de Operações Estruturadas.”

Os publicitários Mônica Santana e João Santana recebe­ram a importância de R$ 15,15 milhões a partir do Setor de Operações Estruturadas me­diante vinte e seis entregas, em pagamentos que se deram tanto em espécie no Brasil quanto fora do País, em contas mantidas em paraísos fiscais. André Santana também participou do recebi­mento dos valores, sustenta o Ministério Público Federal.

A denúncia está instruída com “elementos colhidos a par­tir de diligências de investigação realizadas em procedimentos judiciais, bem como provas for­necidas pelas empresas Ode­brecht e Braskem, no contexto do cumprimento das condições previstas nos acordos de leniência firmados pelas empresas”. Tam­bém formam a base probatória da denúncia diversos depoimentos e elementos de corroboração apresentados por delatores que firmaram acordos com o Minis­tério Público Federal.

O que dizem as defesas
O criminalista Fábio Tofic Simantob, defensor do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, disse que ainda não tomou conhecimento oficial dos termos da denúncia da Procurado­ria da República no Paraná. Tofic explicou que só vai se manifestar quando tiver acesso à acusação contra o ex-ministro. “O Supremo Tribunal Federal já decidiu que esses fatos são de competência da Justiça Eleitoral. Essa decisão foi, inclusive, comunicada ao juiz Sérgio Moro”, assinala.

O criminalista observa que o minis­tro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, havia determi­nado a remessa da colaboração premiada para Curitiba, onde atuam Moro e a força-tarefa da Lava Jato. “Entrei com agravo pedindo para tirar os autos de Curitiba”, disse Fábio Tofic Simantob. “Mais do que encaminhar os autos para a Justiça Eleitoral, o Supremo mandou tirar o caso de Curitiba. Por isso, creio que o Ministério Público está equivocado com essa denúncia”. A defesa de Palocci disse que ainda não teve acesso aos autos e só vai se manifestar depois de conhecer o teor denúncia. A reportagem não conseguiu contato com os advoga­dos da Odebrecht.

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