A ‘Gang do Canudinho’
Em uma região menos habitada da cidade, onde ainda havia canavial e floresta, uma gang chefiada por um bandido conhecido por “Capeta”, com dois irmãos autodenominados “Capetinha” e “Capetão”, atormentava os moradores de algumas colônias de fazendas, que resistiam aos processos de urbanização. Desde pequenos tinham suas ações direcionadas para as coisas ruins. Todos tinham medo dos bandidos que aprontavam na área em que viviam e adjacências. Não havia polícia que conseguisse “dar volta no problema”, como diziam os humildes residentes na região da atuação dos irmãos do “Inferno”.
Blitz sem sucesso
As blitz policiais se sucediam e não conseguiam prender nem os próximos dos bandidos que serviam de olheiros e que ficavam em cima das árvores para anunciar a chegada da “cana”. Sempre os policiais ficavam noites sequentes de “campana” de vigilância para tentar prender os “Capetas”. Os policiais ficavam nervosos pelas noites frias em matagais e sem sucesso. Ninguém da região “batia com a língua nos dentes” para denunciar aos “homens da lei” o esconderijo dos procurados.
Cidadão erra o caminho e morre
Um cidadão que voltava na madrugada para casa desviou-se do caminho costumeiro que fazia depois de viagens e ingressou no reino dos “Diabos”. Havia um toco no meio do caminho e ele desceu do carro para retirá-lo. Em alguns segundos os três pularam em volta do incauto e depois de lhe roubarem tudo o que possuía, o mataram friamente. Foi uma comoção na cidade. Era figura muito conhecida e ligada a vários setores de influência. Da capital até o governador se mobilizou para cobrar providências da sua polícia. Os policiais se desesperavam pela cobrança dos seus superiores e também por saberem que era difícil e árdua a missão.
Mais missões na madrugada
Polícias Civil e Militar saíram a campo com força total. Passaram por lagoas, pastos, florestas e rios e não encontravam os malfeitores, mesmo com a ajuda de alguns que, temerosos da ação dos irmãos contaram aos membros dos grupos especializados que haviam observado a presença dos procurados aqui e ali, o que demandava uma correria e telefonemas ao 190 constantes. Também ocorriam muitos trotes. Diziam que eles estavam próximos do lago existentes naquele bairro que desapareciam quando a Policia chegava. Nada. Ninguém os via. Muitos dias de procura sem sucesso.
Policial P2
Um policial da P2, que é o grupo de informação da PM, deu a ideia. Ficar em uma mangueira frondosa perto do lago para constatar o que acontecia de novidade para desaparecerem misteriosamente. Ele próprio ficou. Barbudo, sujo, sem demonstrar que era policial. Ele escolheu uma hora que não havia movimento na área e subiu na árvore. Consigo um cantil com água e algumas bolachas. Ficou na espreita. Na madrugada, um atrás do outro foram saindo escondidos por uma touceira na lagoa. Cada um com um canudinho que utilizavam para respirar embaixo d’água. A polícia chegava e não os via. Mergulhados estavam nas águas do lago. Daí para prendê-los foi rápido. Foram presos e depois, ao que se sabe, foram morrendo um a um, não se tendo certeza dos motivos. Nem o IML detectou.