NO TEMPO DO RENDEZ VOUS
Muitos anos passados não existiam motéis para que os casais tivessem seus encontros amorosos. Em Ribeirão Preto existiam algumas áreas em que empreiteiras retiravam terra e abriam espaço para que os carros se alojarem, cada um em uma posição tática para uma fuga emergêncial, se a Polícia chegasse ou se algum ladrão se aventurasse a atrapalhar o idílio. Uma destas áreas ficava na estrada de Bonfim Paulista e era uma das mais requisitadas, com IBOPE insuperável.
RENDEZ VOUZ CAMUFLADOS
Nos mais diferentes bairros e até no centro da cidade havia a proliferação de casas em que as proprietárias alugavam quartos para casais mais recatados. Deixavam os apetrechos próximos de uma pia e depois dos amores sigilosos pagavam mais caro que quartos dos hotéis de várias estrelas existentes. Era uma atividade proibida. Não era que se impedisse que a mais velha das profissões fosse exercida, mas explorar o lenocínio era o crime previsto para aquele que tinha tais “motéis”.
JARDIM PAULISTA
Os delegados davam “batidas” nos postos de beira de estradas e em tais casas, detendo os casais (como testemunhas) e as proprietárias como exploradoras do lenocínio e dava cadeia. Certa feita, em uma das ruas do Jardim Paulista, um famoso Delegado do 2º. Distrito flagrou muita gente importante em conluio amoroso. Vários foram detidos e levados para a Delegacia Central, no Plantão. Foi um alvoroço. Os plantonistas retiraram cópias do BO (Boletim de Ocorrência) e distribuíram para a imprensa que divulgou, imprimiu nos jornais com manchetes imensas. Os nomes dos casais foram preservados, mas a dona do rendez vous foi presa e logo solta com a ação de um advogado que estava iniciando a carreira.
REPÓRTER CHAMADO NA JUSTIÇA
De todos que publicaram a nota, apenas um repórter foi chamado à Justiça pelo advogado da velha senhora para em sendo interpelado se explicasse. Marcada a audiência diante de um Juiz togado o repórter compareceu na data e hora marcados, não sem antes tomar algumas precauções. Foi até o Plantão Policial tirou xérox do BO o autenticou e reconheceu as firmas do Delegado e do Escrivão e no referido Boletim havia uma tarja grande: “CÓPIA PARA A IMPRENSA”.
CLIMA DE NUREMBERG
Foi criado um clima de Julgamento de Nuremberg, onde testemunhas, advogado da agora vitima se comprimiam na pequena sala do Juiz. O meritíssimo abriu a sessão e solicitou ao repórter que se identificasse e respondesse a pergunta, se efetivamente ele havia divulgado pela rádio e pelo jornal em que trabalhava. Ele confirmou e mostrou a cópia autenticada do B.O. e as assinaturas com firma reconhecida do Delegado e do Escrivão.
ADVOGADO PRETENDEU MOSTRAR SERVIÇO
O advogado, recém formado, precisava mostrar serviço à sua cliente que deveria pagar seus honorários e saiu atirando: Senhor Juiz, preciso fazer uma pergunta ao repórter. Não posso deixar de fazê-la. .O meritíssimo perguntou ao profissional de Imprensa se poderia atender ao advogado, no que foi atendido: Senhor repórter. Se sua mãe alugasse quarto para encontros amorosos o senhor iria noticiar? Como se a resposta se jactasse da boca do profissional ele respondeu: Não, doutor, não o faria, pois seria concorrência desleal para com sua progenitora. O Juiz, pego de surpresa batia a campainha vigorosamente e respondia: “Indefiro a pergunta, indefiro a resposta”. E tudo ficou em pizza com alguns arranhões que foram dissipados no decorrer dos tempos.