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O turbulento 64
O ano de 1964 começou com turbulências na esfera federal. Os partidos políticos não se entendiam no Congresso e as va­riáveis ideológicas tinham vinculações e matizes por todo o país, com acirramento de posições de direita e de esquerda. Os quartéis estavam sensíveis à irritação tanto de esquerda quanto de direita com transições na Presidência da Republica. Aí no dia 31 de março, na verdade foi na madrugada de 1º de abril irrompeu o movimento descendo das montanhas minei­ras com um comandante que atropelou as mobilizações que eram tratadas no Rio de Janeiro.

Grupos e mobilizações
Em Ribeirão Preto havia um grupo de jovens do ginásio e tam­bém da universidade que não se conformava com a situação. Todos se reuniam, jornalistas ou não, no Diário de Notícias, onde dois padres representavam o arcebispo Dom Luiz do Amaral Mousinho: Celso Ibson de Silos e Angelico Sandalo Bernardino. Vários ícones da política local, que despontaram depois da turbulência, saíram deste grupo que tinham uma vi­são solidária para com o homem do campo que a época não possuía apoio e amparo, sendo vítima de explorações. O pri­meiro movimento de conscientização agrária saiu de Ribeirão Preto e não foi de Pernambuco com Francisco Julião. Movi­mento pacífico que visava a formação de lideranças autênti­cas em sindicatos e representações para substituição de cha­mados “pelegos” da época. O grupo era unido e tinha objetivos claros dentro da filosofia da solidariedade da doutrina católica que admitia o pluripartidarismo e as vertentes religiosas com união pregada pelos Concílios. Eram idealistas.

Jovem universitário
Um jovem universitário se destacava pela objetividade e li­derança, era Antonio Duarte Nogueira. Já casado, residia nos altos da cidade com sua esposa Nairzinha. À noite todos nos juntávamos para discutir os rumos da nação, mesmo com as dificuldades de se obter a verdade com as notícias truncadas pelo jornal Estadão que colocava receitas de bolo no lugar das verdades mais quentes, determinado pelos censores. Nairzi­nha grávida de nove meses fazia um macarrão “alho e óleo” e todos afagavam suas verdades e objetivos solidários.

Nasceu um prefeito
No dia 15 de maio, depois de muitas macarronadas de sua mãe, nascia Antonio Duarte Nogueira Junior embalado pelos sonhos de todos. Nogueira pai, depois de alguns anos, foi eleito prefei­to de Ribeirão Preto e a política deu muitas voltas. Seu filho era determinado, lia incansavelmente e depois de se graduar in­gressou na política e chegou à Prefeitura de nossa cidade. Seu padrinho de batismo foi um aplaudido radialista das madruga­das com as músicas sertanejas, seu tio, Compadre Barroso.

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